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A guerra silenciosa entre Lula, Lira e Renan por projeto que mexe com o bolso dos brasileiros

A aprovação deve ter apoio quase unânime — enquanto o trio tenta capitalizar dividendos eleitorais

Por Marcela Rahal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 nov 2025, 14h20

O governo federal se prepara para colher um trunfo político em pleno ano eleitoral. A isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais, promessa antiga, teve o trâmite na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiado para quarta (5), a votação no plenário pode ocorrer no mesmo dia.

A proposta, relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), prevê que, a partir de janeiro de 2026, os rendimentos de até R$ 5 mil fiquem isentos do IR. O texto também estabelece uma tributação mínima para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano e impõe alíquota de 10% sobre lucros e dividendos enviados ao exterior.

Segundo Renan, o projeto busca “corrigir distorções históricas” e “promover justiça tributária”. Mas, nos bastidores, o clima é outro: a corrida pela paternidade da medida virou um embate entre Lula, Renan e Arthur Lira, com cada um tentando se apresentar como o “pai da criança” às vésperas da eleição presidencial.

“Projeto de todos — e de ninguém”

No programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, o colunista de VEJA Robson Bonin resumiu o ambiente político da votação:

“É o tipo de projeto impossível de rejeitar — ninguém vai votar contra isenção de imposto. Então, virou um tema de apropriação coletiva: governo, oposição, Senado e Câmara, todos querendo sair bem na foto em 2026.”

De acordo com Bonin, o governo Lula vê na medida uma bandeira de apelo popular e uma forma de aliviar o custo de vida da classe média. Mas a oposição e o Centrão rapidamente se movimentaram para tirar do Planalto o monopólio da narrativa.

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“O Arthur Lira, por exemplo, já espalhou outdoors em Alagoas dizendo que a isenção até R$ 5 mil é conquista dele, sem citar que o projeto é do governo. E o Renan Calheiros, que virou relator no Senado, agora quer mostrar que a ideia só andou de verdade por causa dele. É o retrato perfeito da política brasileira: um projeto, vários pais”, ironizou o colunista.

Renan x Lira: a disputa alagoana ganha o Senado

A disputa pela paternidade da proposta também tem endereço certo: Alagoas, estado natal de Renan e de Arthur Lira, que protagonizam há anos uma das rivalidades mais amargas da política nacional.

Bonin lembrou que o texto ficou meses engavetado na Câmara sob o controle de Lira, que usava o projeto como moeda de troca nas negociações com o governo. Quando Renan resolveu “furar o bloqueio” e pautar uma versão no Senado, Lira correu para destravar a proposta na Câmara.

“Foi uma reação imediata: Renan disse ‘se vocês não votam lá, eu voto aqui’. E, de repente, o texto andou. Mostra como, na prática, o jogo político é movido muito mais por disputa de protagonismo do que por preocupação real com o contribuinte”, avaliou Bonin.

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Efeitos práticos e cálculo eleitoral

A isenção até R$ 5 mil deve beneficiar mais de 15 milhões de brasileiros, segundo estimativas do Ministério da Fazenda. O impacto fiscal, calculado em R$ 30 bilhões por ano, será compensado parcialmente pela tributação de lucros no exterior e pela criação do piso mínimo de contribuição para altas rendas.

Mas o que mais preocupa o governo, como observou Bonin, é o efeito político imediato.

“É uma medida que atinge o bolso direto das pessoas, e em ano eleitoral isso vale ouro. O Planalto quer carimbar a vitória como sua. Mas, com tanta gente querendo aparecer como autor, o crédito vai se diluir. No fim, a isenção vai ser de todos — e de ninguém”, avaliou o colunista.

Um consenso raro em tempos polarizados

A proposta, segundo Bonin, é um dos poucos pontos de convergência entre governo e oposição em meio ao clima de polarização permanente.

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“É raro ver um projeto que une esquerda, direita e Centrão. Todo mundo quer ter a foto do dia da sanção. É uma pauta fácil de vender, e nenhum político quer ser lembrado como o que votou contra cortar imposto”, comentou.

Alívio no bolso, disputa nos palanques

Com aprovação praticamente certa no Senado, o projeto segue para sanção do presidente Lula, que deve transformar a medida em uma de suas vitrines eleitorais para 2026.

Mas, como destacou Bonin, o alívio no bolso do contribuinte virá acompanhado de uma guerra de marketing político.

“No fim das contas, o contribuinte vai pagar menos imposto, mas vai assistir a uma enxurrada de discursos e outdoors. Todo mundo vai querer o crédito. O problema é que, enquanto eles disputam os holofotes, o país ainda espera uma reforma tributária que simplifique de verdade o sistema — e não apenas o transforme em palanque.”

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