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A feitiçaria do PT que transformou caixa 2 em caixa 1

Executivo da Toyo Setal delatou à Justiça como empresas repassaram 4 milhões de reais desviados de contratos da Petrobras para o caixa do PT

Por Silvio Navarro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 dez 2014, 19h56

Há um mês, na reta final das eleições, o país assistiu estarrecido às revelações de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que àquela altura, depois de cumprir seis meses de cadeia, decidira delatar à Justiça como funcionava o maior esquema de desvio de recursos já arquitetado no Brasil para abastecer políticos do PT, PP e PMDB, os três partidos que sustentaram os governos Dilma Rousseff e do seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, nenhum outro depoimento foi tão revelador sobre a engrenagem montada para sangrar a Petrobras quanto a fala do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, fornecedora da petroleira.

Em troca de um possível perdão judicial, Mendonça contou como sua empresa destinou cerca de 4 milhões de reais para o caixa do Partido dos Trabalhadores. Detalhe: em repasses oficiais, declarados, ou “por dentro”, no jargão usado por políticos corruptos que conhecem bem o caminho alternativo. Segundo o executivo, o dinheiro chegou ao PT de 2008 a 2011, após um acerto feito diretamente com o tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto, na sede do partido em São Paulo.

Em sua delação, o executivo informou que foram usadas as contas das empresas Setec Tecnologia, SOG Óleo e Gás e PEM Engenharia. O uso dessas empresas tinha uma finalidade: dificultar o rastreamento daquele que parece ser o mais sofisticado – e ousado – propinoduto eleitoral no país. Aquele que tornou o caixa dois desnecessário por tê-lo transformado em caixa um.

O documento reproduzido abaixo, trecho do balancete entregue pelo PT à Justiça Eleitoral em 2010, simboliza essa feitiçaria: aos olhos da Justiça, os repasses foram devidamente declarados e contabilizados. O que o documento oculta – e agora vem à luz – é a origem criminosa desses recursos, caso se comprovem as informações prestadas na delação premiada. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é possível encontrar as prestações de contas feitas pelo Partido dos Trabalhadores e doações da Setec Tecnologia, da SOG Óleo e Gás e da PEM Engenharia no período destacado por Mendonça. Foram 540.000 em 2009; 2,1 milhões de reais em 2010; e 1 milhão de reais em 2011. Pouco menos de 4 milhões de reais, como narrou o executivo da Toyo Setal.

A Secretaria de Finanças do Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota na tarde desta quarta-feira. Diz o texto: “Reiteramos que o PT somente recebe doações em conformidade com a legislação eleitoral vigente. No caso específico, o próprio depoente reconhece em seu depoimento que foi orientado pela secretaria de Finanças do PT a efetuar as doações na conta bancária do partido. Os recibos foram declarados na prestação de contas apresentada ao TSE. Ou seja, todo o processo ocorreu dentro da legalidade”.

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A nota do PT confirma as informações relatadas pelo executivo da Toyo Seta à Justiça, segundo as quais os repasses deveriam ser feitos diretamente na conta bancária do partido e devidamente contabilizados. Faltou dizer apenas que o dinheiro saiu do caixa da Petrobras numa operação de fraudes combinada com o partido, segundo a delação.

Na semana passada, o primeiro dia da reunião do Diretório Nacional do PT transformou-se num ato de desagravo ao tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto. Sob aplausos, o petista foi econômico nas palavras: “Eu sei o que fiz”. Pelo menos os executivos da Toyo Setal também sabiam.

Balancete do Partido dos Trabalhadores entregue ao Tribunal Superior Eleitoral no ano de 2010
Balancete do Partido dos Trabalhadores entregue ao Tribunal Superior Eleitoral no ano de 2010 (VEJA)
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