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A blindagem ao general onipresente nas tratativas para manter Bolsonaro no poder

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira encabeçou as principais determinações do ex-presidente para tentar reverter o resultado das eleições

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 Maio 2025, 17h15

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira foi peça-chave na cruzada de Jair Bolsonaro para tentar reverter o resultado das eleições, é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe e, em meio a um cenário desfavorável, vem sendo blindado por diferentes militares que acompanharam de perto as articulações do ex-presidente no final de 2022.

O general da reserva foi indicado para o Comando do Exército em março de 2021, após o antecessor ser demitido por não se alinhar ao então presidente em temas políticos e relativos à pandemia da Covid-19. Depois, assumiu o Ministério da Defesa em substituição ao general Walter Braga Netto, que deixou o posto para integrar a chapa à reeleição como candidato a vice.

Como ministro da Defesa, Paulo Sérgio foi constantemente convocado por Bolsonaro em sua campanha contra o sistema eleitoral. Mostrando-se alinhado ao presidente, afirmou durante uma reunião ministerial em julho de 2022 que a pasta estava “na linha de contato com o inimigo” ao integrar uma comissão junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que monitorava a higidez das urnas.

O militar passou a ser ainda mais presente após a derrota de Bolsonaro para Lula. Paulo Sérgio e os comandantes das Forças Armadas eram constantemente convocados por Bolsonaro, que buscava encontrar meios de contestar a vitória do presidente Lula.

Foram ao menos duas ações efetivas de Paulo Sergio para ajudar o então presidente. Ele alterou um relatório do Ministério da Defesa que indicava que não haviam sido encontradas fraudes no processo eleitoral e, pressionado pelo presidente, emitiu um novo parecer diagnosticando que a pasta não excluía a possibilidade de terem ocorrido irregularidades nas urnas e no pleito de 2022.

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Além disso, um mês depois, convocou os comandantes das Forças Armadas para uma reunião em seu gabinete para apresentar uma segunda versão de uma minuta de decreto que seria assinado por Bolsonaro com o objetivo de anular o pleito.

“Ele [Paulo Sérgio] falou: ‘Vou trazer um documento para vocês analisarem’. O documento estava na mesa, dentro de um plástico. Falei: ‘Esse documento prevê a não assunção do presidente no dia 1º de janeiro?’. ‘Sim.’ Falei: ‘Não admito sequer receber esse documento, e não ficarei aqui’”, contou o ex-chefe da Aeronáutica Baptista Júnior em depoimento ao STF.

Militares tentam poupar ex-ministro

Apesar do empenho do general, militares que acompanharam as discussões insistem que ele não era favorável a qualquer ruptura institucional. Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid contou que Paulo Sérgio integrava a ala “moderada” que avaliava que nada podia ser feito diante do resultado das eleições e que demonstrava preocupação de que o então presidente assinasse uma “doideira” defendida por seus apoiadores mais radicais.

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Na mesma linha, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes minimizou as declarações do general sobre estar “na linha do inimigo”, tidas como “corriqueiras” no meio militar, e negou ter sido pressionado por ele a aderir a quaisquer das medidas em estudo. “Embora o ministro Paulo Sérgio seja um companheiro de longa data, ele sempre primou pelo respeito às funções constitucionais. Lembrando que o ministro da Defesa não dá ordens diretas ao comandante de força”, disse em depoimento ao Supremo.

Já o ex-chefe da Aeronáutica, apesar de ter narrado o encontro no qual o então ministro da Defesa quis apresentar um documento que impediria a posse de Lula, afirmou que ele atuava para convencer o então presidente a desistir de qualquer medida. “Eu lembro que eu, o ministro Paulo Sérgio e o general Freire Gomes conversávamos mais, debatíamos mais, tentávamos demover o presidente”, afirmou Baptista.

Um graduado general que segue na ativa afirma que Paulo Sérgio entrou de “gaiato no navio”, jamais encabeçaria qualquer medida extrema e tem entre as principais características ser alegre, festeiro e expansivo. “É muito mais festa junina do que golpe”, ironizou.

Apesar disso, os investigadores apontam para um envolvimento direto do general na trama golpista. “A presença do ministro da Defesa na primeira reunião em que o ato consumador do golpe foi apresentado [em 7 de dezembro, no Palácio da Alvorada], sem oposição a ele, sem reação alguma, significava, só por isso, endosso da mais alta autoridade política das Forças Armadas. Ao pela segunda vez insistir, em reunião restrita com os Comandantes das três Armas, na submissão de decreto em que se impunha a contrariedade das regras constitucionais vigentes, a sua integração ao movimento de insurreição se mostrou ainda mais indiscutível”, escreveu o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

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