300 em 30: promessas de Lula por ministérios não cabem na Esplanada
Durante a campanha, petista prometeu espaços em um governo formado por uma frente ampla – e agora não cabe todo mundo
Nas eleições deste ano, o então candidato Lula (PT) apostou alto na formação de um amplo arco composto por dez partidos para formar palanques, somar tempo de propaganda no rádio e na televisão e dar a demonstração de que seu governo seria representado por uma frente de união nacional. A aproximação com as legendas, para além do discurso pró-democracia que permeou o debate, se deu na base de promessas e garantias de espaço caso o petista chegasse ao terceiro mandato na Presidência. Agora eleito, é justamente a dificuldade de comportar a prometida distribuição de funções que emperra a formação dos ministérios de Lula.
Além dos dez partidos que se aliaram a Lula logo no início da campanha, o PDT de Ciro Gomes e a senadora Simone Tebet, do MDB, embarcaram no apoio ao petista do segundo turno. No PDT, a cúpula da legenda e a bancada já digladiam pelo espaço prometido, enquanto Tebet recebeu a sinalização de que vai ser acomodada em um ministério ligado à área social. Durante o governo de transição, outras legendas se aproximaram de Lula. Uma delas é o PSD, que espera receber dois ministérios, um da cota da Câmara, outro do Senado.
Como mostra uma reportagem publicada na última edição de VEJA, todos querem um agradecimento em forma de ministério – ou, em outras palavras, apenas o retorno daquilo que o próprio Lula prometeu na campanha.
Para completar o enrosco, há disputas internas no próprio PT. Integrantes da legenda querem manter a hegemonia no próximo governo Lula ocupando espaços de peso na Esplanada, como a Casa Civil e o Ministério da Fazenda, e também abrigar nomes que ajudaram a campanha petista sacrificando o próprio mandato – como é o caso do governador da Bahia, Rui Costa, que deixou de ser candidato ao Senado para ajudar a montar uma aliança no estado.
A fim de acomodar todos os aliados, Lula estuda desmembrar ministérios (da Economia para Planejamento e Fazenda, por exemplo), criar ou recriar novas pastas. Dentro do PT, cálculos preliminares indicam que, com as mudanças, a Esplanada deve passar dos atuais 23 ministérios da gestão de Jair Bolsonaro para 37 pastas.
Enquanto isso, a equipe da transição do governo, dividida em 31 grupos temáticos, já conta com quase 300 integrantes. Lula já avisou que o fato de comporem o time não significa, necessariamente, uma indicação ministerial. Mas a verdade é muitos dos que estão ali querem, sim, chegar ao alto escalão em 2023.