O que pode acontecer se Paulo Guedes sair?
Thomas Traumann analisa o cenário político na hipótese de o governo entender que seu ministro da Economia não é tão indispensável
O ministro Paulo Guedes ficou milionário nos anos 1990 porque tinha a capacidade de comprar e vender papeis muito rápido. Naquele momento, no governo FHC, Guedes teve muito sucesso em compreender que o governo dependia do câmbio fixo, ou seja, dependia que manter que o dólar e o real permanecessem em valores iguais. Só que, para fazer isso, o governo importava mais do que exportava e precisava manter os juros na lua. Guedes foi certeiro nisso e ganhou dinheiro entendendo como funciona o Brasil
Paulo Guedes sabe como o mercado financeiro funciona e está acostumado a tomar decisões rápidas e sob pressão. Na semana passada, o ministro fez exatamente isso, após dois assessores diretos pedirem demissão. Ele poderia ter divulgado apenas uma nota, mas chamou uma entrevista coletiva e falou em debandada, culpando uma outra ala do governo, acusando de não estar comprometida com o programa de privatizações e que essa mesma ala queria gastar muito mais do que se gasta hoje.
E o mercado financeiro entendeu o recado, de que o governo Bolsonaro poderia perder o controle fiscal. Só que Paulo Guedes entende muito de mercado financeiro e nada de Brasília. E os ministros generais avaliam que o ministro usa suas relações para fazer o presidente aceitar suas opiniões. E o que isso significa no governo? Que Paulo Guedes está mais frágil.