A intervenção de Bolsonaro na Receita e na Polícia Federal
Thomas Traumann analisa o uso da máquina do Estado pelo presidente da república para enterrar uma investigação policial
Para proteger o filho mais velho, Flávio, Jair Bolsonaro criou uma jabuticaba. Ele vai transferir o Coaf para o Banco Central. Por trás dessa ideia, está um ato muito simples: demitir o chefe do Coaf. E, nesta segunda-feira, 19, o presidente mandou demitir o segundo homem da Receita Federal. O número 1, o secretário Marcos Cintra, também já foi ameaçado de demissão e, de acordo com Bolsonaro, não vai sair do cargo ‘por enquanto’.
Na Polícia Federal, a intervenção foi mais escandalosa. Bolsonaro afastou o superintendente da PF no Rio de Janeiro por motivos de “produtividade”. E, quando foi perguntado pela opinião do ministro Sergio Moro, disse “quem manda sou eu”.
O próximo passo de Jair Bolsonaro é escolher o próximo Procurador-Geral da República. E o que o Coaf, Receita Federal, Polícia Federal e PGR têm em comum? Todos participam das investigações sobre o desvio de salários de servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que entre outros políticos, envolve Flávio Bolsonaro.
O presidente está fazendo uso evidente da máquina do Estado para enterrar uma investigação policial. Desde a volta da democracia não vemos algo tão escancarado.