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Rdio, Deezer, Spotify: as suas músicas vão para a nuvem

Serviços de streaming de música, com milhões de faixas em seus acervos, ganham popularidade no Brasil e tomam o mercado da venda avulsa de MP3

Por Renata Honorato
28 abr 2013, 11h45

O comércio eletrônico de música está mudando de formato. Em vez da compra unitária de faixas ou álbuns em MP3, cada vez mais consumidores optam pela assinatura de serviços de streaming, que dão acesso a catálogos com milhões de títulos. E o Brasil entrou de vez na mira do setor. O americano Rdio e o francês Deezer foram os primeiros a desembarcar por aqui, e o sueco Spotify, o serviço mais popular no mundo, está a caminho.

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A venda de MP3 nunca chegou a decolar no Brasil. Em primeiro lugar, músicas e álbuns avulsos nas lojas virtuais não são exatamente uma pechincha (US$ 10 um álbum, US$ 1,29 a faixa). Em segundo lugar, o processo em si pode ser penoso: é necessário buscar, baixar e catalogar os arquivos, um a um, e eventualmente carregá-los em pen drives e transferi-los para diferentes dispositivos.

A estratégia dos serviços de streaming é bem diferente. A cobrança é mensal, mas custa menos do que um único disco (15 reais em média), e os acervos somam até 20 milhões de faixas, que ficam armazenadas em nuvem e assim podem ser ouvidas no smartphone, tablet, desktop ou set-top boxes (aparelhos que conectam a TV à internet). Além disso, plataformas de streaming funcionam também como rede social: permitem a criação de rankings e playlists, mostram as atividades de seus amigos e o que eles estão ouvindo e ainda vasculham o próprio catálogo atrás de faixas que possam agradar ao usuário, com base em recomendações de outros usuários e no histórico de músicas acessadas.

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“Esse segmento vai crescer, a exemplo do que aconteceu com o Netflix e com outros serviços de streaming de vídeo. Trata-se de uma mudança de parâmetros. Todos eles oferecem um período de degustação e essa estratégia ajuda no processo de educação do público em relação a essas novas plataformas de distribuição de conteúdo”, diz Guilherme Werneck, editor executivo de mídias digitais da MTV Brasil. “Os preços são acessíveis e os serviços se apoiam na rede de amigos do usuário. Como o brasileiro tem vocação social, é natural que essas empresas enxerguem no país um grande potencial.”

Um dos sintomas dessa mudança de parâmetros é a trajetória da iTunes Store, a loja virtual da Apple que moldou o comércio on-line de música. Passados exatos dez anos (neste domingo) de seu lançamento, são os aplicativos, não as músicas, os campeões de download. Enquanto isso, o mercado aposta que a próxima cartada da empresa fundada por Steve Jobs seja justamente um serviço de streaming de música, que vem sendo chamado de iRadio.

Outro gigante recém-convertido ao streaming de música é o Twitter. Seu recém-lançado #Music é um aplicativo que funciona integrado às principais plataformas de streaming, sugerindo artistas e canções com base na lista de seguidores do usuário na rede de microblogging. O serviço deve chegar ao Brasil até o fim do ano.

Desconfiaça – O streaming de música custou a deslanchar no Brasil. Isso pode ser creditado em parte à desconfiança das gravadoras, em parte ao lento desabrochar da telefonia 3G no país. Segundo Georgia Jordan, analista da consultoria Frost & Sullivan, as primeiras empresas a desbravarem o mercado brasileiro, como a Last.fm, encontraram dificuldades nas negociações de licenciamento de direitos autorais com as gravadoras. “A Last.fm precisou firmar dois acordos de licenciamento no Brasil: um para a reprodução das músicas nos computadores e outro para a reprodução das músicas nos smartphones”, diz Georgia.

O cenário, no entanto, mudou, e as gravadoras passaram a enxergar os serviços de streaming como um providencial parceiro contra a pirataria. “A nova cena musical brasileira tem uma cultura digital muito forte desde os tempos de Trama Virtual e MySpace. Esse aspecto comportamental deve ajudar os serviços de streaming a ampliarem o catálogo de música brasileira, um importante atrativo para a adesão dos usuários”, completa a especialista.

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Atualmente, o streaming já domina o mercado da música digital no Brasil, concentrando 86% de toda a receita, segundo dados da consultoria americana Strategy Analytics. Em 2012, o país registrou 1 milhão de assinantes de serviços de streaming de música, 17,4% a mais do que em 2011, e cerca de 8% do número global, que foi de 13,1 milhão no ano passado. Em 2013, a companhia americana de métricas estima que a base brasileira cresça mais 20%, alcançando 1,2 milhão de usuários e faturando 34 milhões de dólares.

Competição – Para o presidente da Deezer, Axel Dauchez, o brasileiro tem uma característica estimulante para quem atua no setor de inovação tecnológica. “Nosso palpite é que os brasileiros gostam de testar coisas novas. Nós estreamos aqui em janeiro, e o Brasil já é segunda maior comunidade do Deezer atrás da França”, explicou o executivo em entrevista ao site de VEJA, durante sua passagem pelo Brasil.

Os bons resultados do segmento no Brasil abriram o apetite do mais famoso serviço de streaming de música, o Spotify. Com presença em 28 países, a plataforma sueca tem 9 milhões de assinantes (69% do mercado) e outros 24 milhões de usuários de sua versão gratuita para desktop. De acordo com Graham James, chefe de comunicação do Spotify nos Estados Unidos, não existe uma data fechada para a estreia da empresa no Brasil. Mas o grupo já busca funcionários para nove vagas em São Paulo e conversa com empresas de comunicação para planejar a empreitada.

A vantagem do Spotify no segmento de streaming de música se deve em parte à experiência de um de seus conselheiros, Sean Parker, co-fundador do Napster, programa de compartilhamento de arquivos, e ao fato de que a plataforma sueca foi a primeira a atrair com sucesso as gravadoras para um modelo legal de distribuição de música. O serviço foi fundado em 2006, em Estocolmo, na Suécia, e em 2009 deu início às operações na Inglaterra, onde ganhou visibilidade. Graças à audiência, o Spotify também ganha destaque quando o assunto é remuneração de artistas. Desde seu lançamento, o serviço já pagou 500 milhões de dólares aos detentores dos direitos autorais. A expectativa é pagar mais 500 milhões somente em 2013.

A chegada do Spotify ao Brasil não assusta a rival Deezer, garante Dauchez. “Nós precisamos da boa concorrência. Claro que sempre tentaremos oferecer um serviço melhor, mas precisamos deles. Um serviço se torna autoexplicativo à medida que ele é usado. Quanto mais as pessoas estiverem catequizadas para utilizar um determinado serviço, mais o mercado cresce.”

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