FMI alerta para inflação no Brasil em 2013
Segundo organismo internacional, a retirada das medidas de estímulo será necessária para manter a inflação sob controle no próximo ano
Para FMI, Brasil enfrentou a atual desaceleração na economia global razoavelmente bem por meio.
Em relatório individual sobre o Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere que a retirada oportuna das medidas de estímulo será necessária para manter a inflação sob controle no próximo ano. Na quinta-feira, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), destaca o controle da inflação como uma das condições que o deixou baixar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto porcentual para 8% ao ano.
Para o BC, o cenário prospectivo para a inflação manteve sinais favoráveis, o que permite a manobra com a Selic.”O Comitê ressalta também que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012″. O centro da meta atual de inflação é de 4,5% com dois pontos de margem para cima e para baixo.
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Segundo relatório do FMI, a queda da Selic iniciada em agosto de 2011 para o menor patamar da história do país deve ajudar a estimular o crescimento no segundo semestre deste ano. O Fundo prevê expansão de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 (projeção menor do que a anterior, de 3%) e de 4,5% para 2013 (superior aos 4,1% projetados no relatório anterior).
Economistas ouvidos na semana passada pelo Banco Central para o relatório Focus rebaixaram de 2,30% para 1,90% suas previsões médias para a expansão da economia no intervalo de um mês. Na semana passada, ainda aguardavam 2,001% de expansão econômica. Esta é a décima semana seguida que as expectativas são revisadas para baixo. A previsão para o ano que vem também piorou, passando de 4,20% na semana passada para 4,10% nesta.
Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial de inflação, as expectativas apresentada no Focus são de 4,78% este ano e de 5,5% para ano que vem.
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Crescimento – O FMI afirma que o Brasil enfrentou a atual desaceleração na economia global razoavelmente bem por meio de um ciclo oportuno de relaxamento monetário e do compromisso com suas metas fiscais, mas diz que o governo precisa encorajar a poupança e o investimento para trazer o crescimento de volta ao seu curso.
O Fundo afirma que as taxas de investimento e poupança do Brasil ficam atrás daquelas de seus pares no G-20 mesmo quando se exclui a China, e elevar esses níveis ajudaria a reduzir a taxa de juros do país, favorecendo a competitividade. Com menos demanda por poupança externa, o Brasil poderá ver sua taxa de câmbio enfraquecer, impulsionando a competitividade, diz o FMI.
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Para o fundo, o compromisso do governo brasileiro com sua meta de superávit primário de 3,1% do PIB também deverá ajudar a estabilidade econômica. Com níveis de endividamento e inadimplência em alta, o Brasil precisa fazer mais para estimular a poupança de governo e consumidores e para encorajar o investimento dessa poupança, alerta.
“O reequilíbrio da demanda do consumo para o investimento e as exportações líquidas ajudarão a garantir crescimento forte e equilibrado à frente e dar suporte à competitividade”, defende o chefe da missão do FMI para o Brasil, Vikram Haksar, no comunicado.
Contas públicas – A equipe econômica do FMI também reiterou que as reformas das aposentadorias do setor público em curso devem encorajar a poupança privada e tirar alguma pressão dos gastos do governo. Para o órgão, o Brasil precisa desenvolver fontes de financiamento de longo prazo, encontrando alternativas ao BNDES, que atualmente domina o financiamento.
O BNDES deverá se concentrar “no desenvolvimento de um mercado para financiamento de longo prazo e gradualmente desengajar-se de atividades comerciais, incluindo o financiamento às empresas de primeira linha que têm acesso a outros financiamentos”, recomenda o Fundo.
A despeito das preocupações com o lento crescimento na Europa e China, que poderá diminuir a demanda pelas exportações de commodities do Brasil e também restringir as fontes de financiamento, o FMI avalia que o Brasil não está “especialmente vulnerável a contágios” da desaceleração quando comparado com outros países do G-20.
Na verdade, o Fundo apurou que os riscos ao seu cenário de crescimento do Brasil estão “amplamente equilibrados”, com o financiamento dos bancos públicos domésticos ajudando a neutralizar o aperto nas condições globais de financiamento e os preços mais baixos de commodities.
(Com Agência Estado)