Fed deve manter ritmo de compra de títulos nesta quarta
Em uma das reuniões mais aguardadas, o banco central americano deve se pronunciar sobre a manutenção dos estímulos na economia americana; movimento deve afetar todos os mercados, sobretudo bolsas e câmbio
As autoridades do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, devem anunciar nesta quarta-feira que manterão o ritmo de compra de títulos da dívida americana de aproximadamente 85 bilhões de dólares mensais. Além disso, o mercado aguarda a indicação de que o BC americano começará em breve a retirar os estímulos à economia, a começar pela compra de bônus. Mesmo se o Fed optar por manter as ações por enquanto, espera-se uma indicação de quando poderá haver mudanças. O anúncio deve sair ao final da reunião desta quarta-feira do Fed, uma das mais importantes do ano.
Em 22 de maio, Ben Bernanke, presidente do Fed, havia declarado que o BC poderia começar a reduzir as compras em uma de suas próximas reuniões. O anúncio afetou os mercados financeiros e elevou com força os rendimentos dos títulos futuros. Os dados sobre a economia americana, porém, ainda apresentam tendências divergentes. Os números sobre crescimento do emprego mostraram-se estáveis e os gastos dos consumidores continuam em alta, apesar do aumento dos tributos e dos cortes de gastos do governo – ações para reduzir o déficit fiscal do país. Contudo, a inflação desacelerou para menos de 2%, meta do Fed.
Leia mais:
S&P eleva perspectiva da nota de crédito dos EUA para estável
Déficit dos EUA aumenta em maio, mas encolhe nos últimos oito meses
Analistas destacam que o presidente do Fed precisa deixar claro, nesta reunião, não apenas suas intenções com relação ao ritmo de compras de título, mas também sobre o aumento das taxas básicas de juros, que se encontram em nível mínimo recorde (zero a 0,25%) desde dezembro de 2008. Ao todo, com a política de aquisição de bônus, os EUA triplicaram seu balanço patrimonial para cerca de 3,3 trilhões de dólares. Alguns economistas esperam que os juros só sejam alterados em 2015, mas outros já apostam em adiantamento deste prazo em operações no mercado futuro.
O Fed também divulgará nesta quarta-feira um sumário trimestral de projeções econômicas, incluindo estimativas de crescimento, inflação e desemprego. A autoridade econômica diz que não elevará os juros até que o desemprego atinja 6,5% ou menos, desde que o cenário para a inflação permaneça abaixo de 2,5%. A taxa de desemprego dos EUA em maio foi de 7,6%.
Bernanke também deve ser questionado sobre seus planos futuros de deixar o cargo, depois de o presidente Barack Obama ter indicado, em entrevista na segunda-feira, que Bernanke estaria pronto para sair do Fed quando seu mandato acabar, em 31 de janeiro de 2014.
Leia também:
Risco-país sobe e culpa não é só dos Estados Unidos
Dólar abre em alta, mas segue volátil à espera de notícias do BC americano