Comissão Europeia alerta: ‘A crise se espalhou pelo bloco’
José Barroso, presidente da comissão, afirma que medidas adotadas para evitar contágio não surtiram efeito esperado - e problemas deixaram a periferia da UE
Na manhã desta quinta-feira, as bolsas europeias ampliavam perdas, atingindo o menor nível em 11 meses, frente a preocupações sobre o cenário turbulento
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, admitiu, nesta quinta-feira, que as últimas medidas adotadas pelos governos europeus não alcançaram o efeito desejado nos mercados e a crise da dívida já não se limita “à periferia da zona do euro”. Na quarta, Itália e Espanha entraram no radar dos mercados, derrubando fortemente as bolsas.
“Os desenvolvimentos nos mercados de bônus soberanos da Itália, Espanha e outros estados-membros da zona do euro são causa de uma profunda preocupação”, assinalou Barroso em carta dirigida aos líderes da zona do euro. No documento, o presidente do Executivo da União Europeia defende a busca de fórmulas para melhorar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), com o objetivo de interromper o contágio atual. Barroso pede aos estados-membros que finalizem a aprovação de todos os detalhes do segundo plano de resgate à Grécia e do EFSF do mês de julho, evitando introduzir excessivas limitações nas condições dos empréstimos do fundo.
Barroso insiste em sua mensagem que os problemas da Itália e Espanha nos mercados são “claramente injustificados” levando em conta seus fundamentos econômicos e os esforços que realizaram, mas admite que “refletem um crescente ceticismo entre os investidores a respeito da capacidade sistêmica da zona do euro para responder à crise”.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, também anunciou nesta quinta a manutenção da taxa de juros do BCE a 1,5% e reiterou preocupações sobre a situação da Grécia, Irlanda e Portugal.
Na manhã desta quinta-feira, as bolsas europeias ampliavam perdas, atingindo o menor nível em 11 meses, frente a preocupações sobre o cenário turbulento. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações no continente, operava em queda de 0,85%, a 1.018,77 pontos, às 8h27 (horário de Brasília). Apesar das preocupações, o Tesouro espanhol conseguiu captar nesta quinta-feira 3,311 bilhões de euros em emissões de títulos a três e quatro anos. No entanto, com juros em forte alta para superar os receios dos investidores.
Para salvar a Grécia, os chefes de estado da zona do euro acordaram em 21 de julho conceder mais poderes ao EFSF, de modo que possa atuar para prevenir, financiar a recapitalização de bancos mediante empréstimos aos governos e intervir nos mercados secundários em circunstâncias excepcionais e em consulta com o Banco Central Europeu (BCE).
Ao mesmo tempo, Barroso reivindica “uma rápida revisão de todos os elementos vinculados com o EFSF”, a fim de garantir que este mecanismo e o permanente que o substituirá em 2013, o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira, “estejam equipados com os meios para enfrentar os riscos de contágio”.
Para os analistas, o EFSF, dotado em teoria de 440 bilhões de euros – mas que na prática se reduzem a 250 bilhões de euros -, e o seu sucessor em 2013, que terá seu montante elevado a 500 bilhões de euros, não tem envergadura suficiente para garantir a estabilidade do euro.
Itália – O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, veio a público nesta quarta-feira tentar tranquilizar o mercado após os juros exigidos pelos investidores para rolar o endividamento italiano atingirem recorde histórico.
Berlusconi assegurou que o país conta com “bases econômicas sólidas”. “A Itália conta com um sistema político sólido e demonstrou isso ao aprovar, em julho, em apenas três dias, medidas de quase 80 bilhões de euros. Temos bases econômicas sólidas, os bancos têm liquidez, são solventes e passaram tranquilamente pelas provas europeias”, declarou em discurso na Câmara dos Deputados.
Espanha – Nesta quarta-feira, o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, convocou a ministra da Economia, Elena Salgado, para analisar as instabilidades recentes do mercado financeiro local.
(Com EFE)