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Descoberta genética pode ser a nova arma contra a dengue

A modificação de um gene do Aedes Aegypti transforma fêmeas em machos inofensivos

Por Gabriela Neri
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h04 - Publicado em 27 Maio 2015, 17h21

Especialistas do Instituto Fralin de Ciências da Vida, da Universidade Virginia Tech, fizeram uma descoberta que pode ser a nova forma de combate à dengue. Eles identificaram o gene responsável pela determinação do sexo nos mosquitos, nomeado como Nix, que antes estava oculto no genoma dos insetos.

Ao injetar o Nix em embriões, cientistas observaram que mais de dois terços dos mosquitos fêmeas desenvolveram genitais masculinos. Já quando o Nix foi retirado de indivíduos adultos, por meio de uma edição do genoma dos mosquitos, os machos desenvolveram genitais femininos.

Popularmente conhecido como mosquito da dengue, o Aedes aegypti também é vetor de outras doenças graves, como febre amarela, febre zika e chicungunha. São, porém, apenas as fêmeas da espécie que ameaçam a saúde, já que só elas precisam picar para conseguir sangue para o desenvolvimento dos ovos. Assim, cientistas acreditam que um aumento na quantidade de machos, inofensivos, reduziria a transmissão de doenças.

Mas os pesquisadores ainda não sabem se o mosquito, mesmo modificado, continuará picando. “Ainda não podemos firmar se é ou não a genitália masculina que os impede de picar. Esperamos que, no futuro, quando inserirmos o gene Nix no genoma do mosquito fêmea, todas as células, incluindo as glândulas salivares, se tornem masculinas. Assim, eles não terão as partes necessárias para a alimentação de sangue”, contou Jake Zhijian Tu, professor de bioquímica no Instituto Fralin e um dos autores do estudo. Em resumo, não vão mais picar e transmitir doenças.

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Só no Brasil, de janeiro a 9 de maio de 2015, o Ministério da Saúde relatou 846 000 casos de dengue, um aumento de 155% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo 207 vítimas fatais. Para combater o Aedes aegypti, o país adotou algumas medidas, como a inserção de bactérias Wolbachia no genoma da espécie, para evitar o desenvolvimento da doença, e a liberação de mosquitos machos transgênicos que copulam com as fêmeas e produzem uma prole que não atinge a idade adulta.

Para Zhijan, o Brasil vem fazendo um ótimo trabalho. “A liberação de mosquitos transgênicos é bem importante. Esperamos que a nossa descoberta possa melhorar a eficiência. Queremos alcançar a plena conversão do sexo feminino para o masculino. Nossa técnica é duas vezes mais rentável que as estratégias genéticas atuais, já que elas só utilizam metade dos mosquitos criados, pois as fêmeas são descartadas. Além disso, o que fazemos agora, a separação de machos e fêmeas, é um processo caro e demorado”, declarou o professor.

Originário da África, o Aedes Aegypti espalhou-se pelo mundo a bordo de navios durante as viagens no século XVIII. Por ser bem adaptada aos ambientes urbanos e ser vetor de doenças sérias, a espécie é tratada como questão de saúde pública. De acordo a Organização Mundial de Saúde, o número de casos de dengue vem aumentando nas últimas décadas: são 390 milhões de novas infecções por ano.

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