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Promotora: “Eloá para ele não era mais do que um objeto”

Promotoria tenta desmontar imagem de bom moço do réu. Daniela Hashimoto usou detalhes técnicos do processo para contrapor depoimento de LIndemberg

Por Cida Alves, de Santo André
16 fev 2012, 10h39

Observada atentamente por Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel, a promotora Daniela Hashimoto começou a falar no Fórum de Santo André, no ABC Paulista, por volta das 10 horas desta quinta-feira. Logo depois de distribuir cópias dos autos do processo aos jurados, a promotora deixou claro aos presentes a tese que procura comprovar: o réu já sabia o que iria fazer quando chegou ao apartamento da ex-namorada no dia 13 de outubro de 2008. “Coloquem-se no papel das vítimas”, disse Daniela Hashimoto aos jurados.

Segundo a promotora, uma mensagem recebida no celular de Eloá foi o motivo do primeiro disparo efetuado por Lindemberg, quando, logo no primeiro dia de cativeiro, ele atirou em direção à multidão que começava a se aglomerar do lado de fora do prédio.

Embora Lindemberg tenha admitido que atirou em Eloá, ele afirmou no interrogatório desta quarta-feira que não se lembrava de ter disparado contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá e uma das reféns. Daniela, entretanto, foi categórica: “A perícia comprovou que a Nayara foi atingida por um projétil de calibre 32”, disse. “Só Lindemberg tinha essa arma no dia dos fatos”.

Na argumentação, ela também destacou características de manipulação, dissimulação e exibicionismo do réu e também seu comportamento obsessivo com relação à vitima. “Eloá para ele não era mais do que um objeto. Ele tinha ódio dela”, disse a promotora.

Daniela enfatizou que Lindemberg começou a perseguir Eloá depois do término do namoro e que, diferente do que ele afirmou em depoimento, três testemunhas confirmaram que o relacionamento havia acabado. Ela também questionou o fato de que Nayara, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, também feitos reféns por Lindemberg, poderiam ter deixado o apartamento.

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“O contexto de ameaça em torno de Eloá já é um fator impeditivo”, observou a promotora. “A coação psicológica que as três vítimas descreveram serviu para mantê-las no apartamento. Eles não iriam deixar a amiga com Lindemberg sabendo o que ele poderia fazer”.

A promotora exibiu um vídeo no qual o perito Ricardo Molina faz uma análise não oficial das imagens no momento em que a polícia invadiu o apartamento. Na gravação, Molina mostra que depois da explosão houve um tempo de 3,5 segundo até o primeiro disparo. Tempo que, segundo a promotora, Lindemberg, levou para se recolher num canto da sala, efetuar os três disparos contra Eloá e Nayara e um quarto disparo em direção aos policiais – tiro que teria falhado.

“Um cidadão de bem iria blefar para o GATE?”, perguntou Daniela, referindo-se ao Grupo de Ações Táticas Especiais da polícia. Segundo a promotora, no momento da invasão, Eloá teria feito um movimento de encolher-se no sofá e não de se levantar, como afirmou o réu em depoimento. Uma prova seria o vestígio de massa encefálica encontrado no local onde estava a vítima. A reconstituição dos disparos, feita por Daniela de arma em punho, fez com que Ana Cristina, mãe de Eloá, chorasse.

Ana Cristina e o irmão da vítima estão na plateia. Ela está vestida de branco e não de preto, como nos dias anteriores.

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Defesa – Neste momento, a advogada Ana Lúcia Assad fala no plenário. Acusação e defesa terão direito a réplica e tréplica. Após os debates, os jurados decidirão se absolvem ou condenam o réu. Então, a juíza Milena Dias vai ler a sentença e, em caso de condenação, estipular a pena de Lindemberg. O réu chegou ao Fórum de Santo André por volta das 8h20 desta quinta.

A sessão desta quarta-feira foi marcada pelo depoimento do réu, que falou pela primeira vez sobre o crime. Ele respondeu a mais de trezentas perguntas da juíza, da Promotoria e dos assistentes de acusação e de sua defesa durante mais de cinco horas. Foi perguntado pelo assistente de acusação José Beraldo, por exemplo, por que não chorou ao falar sobre Eloá. “Eu não estou aqui para dar um show nem para emocionar ninguém”, disse.

O réu afirmou que, ao chegar ao apartamento, esperava encontrar Eloá sozinha e estranhou o fato de ela estar com amigos, pois, segundo ele, informava cada passo que dava – Lindemberg revelou nesta quarta que os dois haviam reatado menos de uma semana antes do crime. Já no interior do imóvel, acabou ouvindo de Victor, um dos jovens presentes, que ele teria beijado a jovem, o que foi prontamente negado por Eloá, que começou a berrar. Foi então que Lindemberg mostrou a arma ao grupo pela primeira vez, criando um clima de tensão.

O sequestro, como se sabe, durou mais de cem horas e terminou de forma trágica, com a morte de Eloá. Nayara, que voltou ao cativeiro, foi baleada no rosto.

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Mais cedo, ele pedira perdão à mãe de Eloá. No fim do julgamento, fez o mesmo em relação ao pai dela. Para a acusação, a linha de argumentação de Lindemberg, que confessou pela primeira vez desde o crime ter atirado em Eloá, não surtirá efeito. “A confissão do réu não vai reduzir a pena”, afirmou Beraldo, que classificou o que ele apresentou ao júri como um “engodo”. A acusação deve pedir uma pena de sessenta anos.

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