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Pezão: o sucessor de Cabral que escondeu Cabral para tentar se reeleger

Atual governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB) enfrenta o senador Marcelo Crivella (PRB) numa eleição marcada pela rejeição do eleitor aos candidatos

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
26 out 2014, 07h06

Depois de uma campanha que começou com quatro candidatos competitivos e foi marcada por intensa troca de acusações, as eleições no Rio de Janeiro terminam neste domingo com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), discípulo de Sérgio Cabral (PMDB), favorito à reeleição. Segundo as últimas pesquisas, o peemedebista aparece à frente do senador Marcelo Crivella (PRB), líder da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).

Se confirmada, a reeleição de Pezão significará um raro exemplo de virada no Estado: Cabral foi um dos principais alvos das manifestações populares iniciadas em junho do ano passado e deixou o governo em abril com elevada rejeição – o que fez a candidatura do sucessor demorar a decolar. Para superar a herança negativa, Pezão deixou o ex-governador escondido em uma eficiente campanha publicitária no rádio e na televisão.

Ex-prefeito de Piraí, uma cidade de 26.000 habitantes no sul fluminense, Pezão ocupava o quinto lugar na pesquisa Datafolha divulgada em 2 de dezembro do ano passado, com 5% das intenções de voto. Era outro cenário, no qual o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), o deputado Miro Teixeira (Pros) e o técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho (PSDB), eram potenciais candidatos, o que não se concretizou. Na pesquisa seguinte, com as candidaturas efetivamente registradas, pesquisa publicada em 18 de julho mostrava Pezão ainda em terceiro lugar, com 14% das intenções de voto.

A provável virada do PMDB no principal Estado comandado pelo partido foi costurada nos bastidores por Cabral e só se tornou possível pela máquina peemedebista no governo estadual e nas prefeituras. Em troca do favorecimento de prefeitos aliados na distribuição de verbas e do loteamento político de secretarias estaduais, o PMDB assegurou a Pezão uma coligação de 18 partidos e o maior tempo de televisão – 8 minutos e 57 segundos.

O governador-candidato também aproveitou os dois principais palanques presidenciais. A direção regional do PMDB fechou uma aliança estadual com o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, no movimento batizado “Aezão”. O acerto fez com que o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) abandonasse a pré-candidatura ao governo – ele dividia votos na capital fluminense com Pezão, segundo pesquisas -, e levou ao embarque de DEM, PSDB e PPS na coligação liderada pelo PMDB. Embora Crivella, Lindbergh Farias (PT) e Anthony Garotinho (PR) também apoiassem a reeleição da presidente Dilma Rousseff, Pezão foi o candidato que mais fez atos de campanha com a petista e ainda se beneficiou do material publicitário espalhado por aliados do movimento “Aezão”.

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Na TV, Pezão foi apresentado ao eleitor como um homem simples, interiorano e “boa-praça”, em campanha comandada pelo marqueteiro Renato Pereira. Demorou, mas a liderança veio a menos de dez dias do primeiro turno. Na pesquisa divulgada em 26 de setembro, Pezão ultrapassou Garotinho, que estava em primeiro lugar desde o início das sondagens no ano passado. O favoritismo do sucessor fez com que os gritos de “Fora, Cabral”, ecoados nas manifestações de rua, se tornassem um passado distante.

O peemedebista foi o principal alvo da ofensiva de adversários, mas elevou o tom dos ataques contra Crivella no começo do segundo turno. Nos debates e nos programas de televisão, o peemedebista insistiu em lembrar que o senador é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho do líder máximo da instituição, Edir Macedo.

A disputa acirrada não foi à toa. Mesmo favorito, Pezão sabe que as pesquisas passaram longe do resultado efetivo nestas eleições. Na sondagem de boca de urna do primeiro turno, Pezão tinha 36% dos votos válidos, enquanto Crivella estava em empate técnico com Garotinho, respectivamente com 22% e 25% dos votos válidos, com uma margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para menos. Mas o desempenho ao término da apuração foi bem diferente: Pezão teve 40,6% dos votos válidos, enquanto Crivella garantiu o segundo lugar com 20,3%, e Garotinho se despediu da disputa, com 19,7%.

Para vencer neste domingo, o candidato do PRB depende da herança dos votos de Lindbergh e Garotinho na reta final, que passaram a apoiá-lo no segundo turno, e da conversão de eleitores de Tarcísio Motta (PSOL). A candidatura de Crivella mostrou inédita resistência nesta eleição. É a segunda disputa do senador pelo Palácio Guanabara, mas é a primeira vez que ele não desidratou com a proximidade da votação. Em 2006, naufragou ainda no primeiro turno na disputa pelo governo, quando Sérgio Cabral e Denise Frossard (PPS) receberam mais votos. Também perdeu duas vezes as eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro, em 2004 e 2008. Depois de uma campanha acirrada e esvaziada de propostas, o vencedor deste ano será como nunca um beneficiário da rejeição do eleitorado aos adversários.

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