Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Lindemberg Alves admite ter atirado em Eloá Pimentel

Acusado da morte de Eloá Pimentel rompe o silêncio e fala pela primeira vez sobre o crime, em outubro de 2008. No terceiro dia de julgamento, ele pediu perdão à família: "Queria pedir perdão por tudo o que aconteceu"

Por Carolina Freitas e Cida Alves, de Santo André
15 fev 2012, 15h15

“Ela pensava que eu estava aos pés dela, dava uma de difícil. Mas eu tinha certeza que me amava”

Lindemberg Alves, acusado da morte de Eloá Pimentel

Pela primeira vez desde a morte da jovem Eloá Pimentel, em outubro de 2008, o acusado do crime, Lindemberg Alves, admitiu ter atirado nela. Lindemberg está sendo interrogado no terceiro dia de julgamento do caso, no Fórum de Santo André, no ABC Paulista. “Depois da explosão, Eloá fez um movimento como se fosse levantar do sofá”, contou Lindemberg. “Achei que ela ia tentar tirar a arma da minha mão e, sem pensar, atirei. Foi tudo muito rápido. Eu não pensei”. No momento em que relatou o episódio, Lindemberg fez uma pausa como se estivesse emocionado. Essa foi a primeira vez em que Ana Cristina, mãe de Eloá, chegou a chorar na plateia.

Continua após a publicidade

O réu admitiu ter atirado para fora do apartamento, mas negou ter tentado acertar o policial militar Atos Antonio Valeriano, que comandou as negociações nos primeiros dois dias do sequestro. “Isso é totalmente ficção”, afirmou. Ele também negou ter se vangloriado pelo disparo, como descreveram Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, mantidos reféns no apartamento junto com Eloá.

Segundo Lindemberg, em nenhum momento ele impediu a saída de Victor e Iago do apartamento. Depois do primeiro dia, manteve Nayara no local apenas para garantir a segurança dele. Contudo, ele não se lembra de ter atirado contra a adolescente.

O interrogatório é a fala mais esperada do julgamento, já que é a primeira vez desde o crime que Lindemberg apresenta a sua versão dos fatos. Ele recusou-se a falar para a polícia e para a Justiça até então. Assim, trouxe elementos novos para o caso. Disse, por exemplo, que ainda namorava Eloá quando teve início o sequestro, em outubro de 2008. Até então, todas as testemunhas e os familiares dela relatavam que eles eram ex-namorados. Os dois, segundo o acusado, tinham reatado o namoro menos de uma semana antes do sequestro. O relacionamento foi mantido em segredo na época.

Continua após a publicidade

Rompimentos – Lindemberg relatou diante do júri que namorou Eloá por dois anos e três meses e que, durante esse período, houve no mínimo quatro rompimentos – o último três semanas antes de voltarem. A separação aconteceu, na versão do réu, por iniciativa dele. Nessas três semanas, no entanto, ele teria enviado flores e bombons a ela pedindo que voltasse. “Ela pensava que eu estava aos pés dela. Então, ela dava uma de difícil. Mas eu tinha certeza que ela me amava”.

Os dois só reataram depois que Eloá viu Lindemberg com outra menina, com quem ele diz ter tido um rápido relacionamento. Segundo o réu, dias depois, Eloá o procutoru. Eles conversaram por cerca de duas horas, ela chorou muito dizendo que estava arrependida e os dois concondaram em voltar.

Neste momento, ressaltou, os dois fizeram um pacto de não contar a ninguém que tinham voltado a namorar. A ideia era que, antes de qualquer coisa, Eloá conversasse com o pai dela. Isso porque a menina, segundo Lindemberg, disse ao pai, quando eles estavam separados, que ele a tinha agredido. O pai e o irmão Ronickson teriam, nessa ocasião, ido até a casa dele.

Continua após a publicidade

“Aldo (apelido do pai de Eloá, Everaldo Pereira dos Santos) e eu quase chegamos às vias de fato”, contou ao júri. De acordo com ele, porém, Eloá tinha contado uma mentira para o pai e não tinha coragem de desfazê-la. “Ela estava buscando encorajamento para falar para o pai que o que ela tinha dito antes era mentira”.

Após a reconciliação, ele afirmou que encontrou com Eloá na garagem do prédio num sábado, apenas no sábado, dois dias antes do início do sequestro. “O clima não estava bom, estávamos mais preocupados em falar com o pai dela do que em ficar juntos”. O réu contou ter feito carinho e beijado Eloá neste dia para confortá-la e ajudá-la a ter coragem para falar com o pai.

Perdão – Durante o interrogatório, Lindemberg pediu perdão à família de Eloá Pimentel.O interrogatório começou às 14h20 com a presença da família de Eloá, a mãe, Ana Cristina Pimentel, e os dois irmãos, Éverton Douglas e Ronickson Pimentel. Por enquanto, a juíza Milena Dias é quem está fazendo perguntas ao réu sobre o episódio.

Continua após a publicidade

Enquanto respondia a perguntas sobre o relacionamento de Eloá com a família, Lindemberg pediu licença a família e falou: “Eu queria pedir em público perdão à dona Tina (mãe de Eloá) por tudo o que aconteceu”. Em outro momento, quando a juíza explicava que ele deveria ser claro em seu depoimento, o réu voltou a se dirigir à família da vítima: “Eu só estou aqui para dizer a verdade. Tenho uma dívida muito grande com a família da Eloá.

O dia D – Na segunda-feira, 13 de outubro, dia em que teve inicio o sequestro, Lindemberg contou que resolveu aparecer de surpresa no apartamento de Eloá para ficar sozinho com a namorada – ele tinha certeza de que não haveria ninguém da família na casa. Quando chegou, entretanto, encontrou Eloá com os amigos Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira. Segundo o réu, ela também teria ficado surpresa, pois não esperava a visita.

Lindemberg confirmou que estava armado ao entrar no apartamento. De acordo com ele, a arma havia sido comprada cerca de 20 dias antes por causa de ameaças de morte que havia recebido pelo telefone. “Eu tinha mais medo de morrer do que de responder por porte ilegal de arma”, afirmou, depois que a juíza lhe perguntou se ele sabia que circular com uma arma irregular era crime. Apesar de insistentemente questionado por Milena Dias, Lindemberg não soube dar detalhes sobre o motivo das ameaças ou de quem elas partiram.

Continua após a publicidade

Segundo o relato do réu, a situação complicou-se dentro do apartamento por causa da presença de Victor. Depois de questionado por Lindemberg, o garoto teria dito que havia dado “alguns beijos” em Eloá, o que foi negado pela adolescente.

“Ela começou a dar escândalo e fazer barraco”, afirmou Lindemberg. “Foi quando eu puxei a arme e falei ‘para de gritar'”. A partir daí, Eloá teria se calado e ele pediu que os amigos dela deixassem o apartamento, porque os dois tinham que conversar. Os três adolescentes se negaram a abandonar a amiga.

Depois de algumas horas, um parente de Iago foi até o apartamento, bateu na porta e Lindemberg mandou que ele fosse embora. Para o réu, foi essa pessoa que chamou a polícia. A partir daí, o primeiro contato com o acusado foi feito pelo pai de Eloá. “Ele pediu para que nós descêssemos, mas eu fiquei com medo da policia e não desci”, disse Lindemberg.

Ao contrário do que Nayara, Victor e Iago afirmaram em depoimento, Lindemberg negou ter agredido Eloá. Quando Milena Dias perguntou se ele havia gostado do “rebuliço” causado na ocasião, que mobilizou dezenas de jornalistas, o réu afirmou que a ideia de falar com a imprensa havia partido de uma das meninas. “Pode até parecer estranho falar isso aqui por causa do desfecho que houve, mas em alguns momentos levávamos tudo na brincadeira”, afirmou.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.