Xi telefonou, diz Trump, porque ‘todos querem fazer acordos’; China o acusa de mentir
O Ministério das Relações Exteriores chinês negou que Pequim esteja negociando com os EUA uma trégua na guerra comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que recebeu um telefonema do seu homólogo chinês, Xi Jinping, em meio à escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, de acordo com uma entrevista do republicano à revista Time, publicada nesta sexta-feira, 25. O republicano sugeriu que a conversa tratou do tarifaço e de um possível acordo, mas Pequim negou que esteja negociando com Washington e acusou o chefe da Casa Branca de “enganar o público”.
Trump não disse quando Xi telefonou, nem sobre o que os dois líderes discutiram. Mas afirmou na entrevista que “todos querem fazer acordos” com ele.
“Não acho que isso seja um sinal de fraqueza da parte dele”, afirmou Trump sobre a ligação de Xi. Questionado se ele já telefonou para o presidente chinês, o republicano negou e disse que não tomaria a iniciativa. Além disso, defendeu a necessidade de impor tarifas, afirmando que considerará uma “vitória total” se as taxas se mantiverem em 50% dentro de um ano.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, por sua vez, negou que Pequim esteja negociando uma trégua na guerra comercial com Washington e pediu que Trump pare de “criar confusão” e de “enganar o público”.
“A China e os EUA não estão realizando consultas ou negociações sobre a questão tarifária”, disse ele em entrevista coletiva nesta sexta-feira.
Guerra comercial
As duas maiores economias do mundo mergulharam em uma guerra comercial após Washington aplicar um tarifaço de 145% sobre as importações chinesas. Em resposta, Pequim impôs uma taxa de 125% sobre os produtos americanos.
Na quinta-feira, o governo chinês rebateu uma fala de Trump sobre a existência de negociações “ativas” entre os países, alegando que, “atualmente, não há negociações econômicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos”. “Quaisquer alegações sobre o progresso nas negociações econômicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos são rumores infundados, sem evidências factuais”, completou.
A escalada sem precedentes na disputa tarifária entre as duas potências ameaça romper uma das principais artérias do comércio internacional. Análise é da Coface, consultoria global especializada em risco-país e seguro de crédito, vê aumento expressivo no risco de recessão tanto para os Estados Unidos quanto para a economia mundial. A previsão de crescimento do PIB americano em 2025 é de apenas 0,5%, enquanto a chinesa deve atingir 4,3%.
Na China, o choque comercial deve ser parcialmente absorvido por estímulos internos. A força do mercado doméstico – que responde por mais de 80% da receita das indústrias – confere maior resiliência, mas o ambiente de incerteza global pode reduzir o efeito de políticas monetárias e fiscais já em curso.
Recentemente, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse que a guerra comercial de Trump “terminará em fracasso” para Washington. Pequim prometeu “lutar até o fim” e acusou os Estados Unidos de praticarem unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica com a imposição de taxas sobre produtos chineses. Negociar, segundo os chineses, só depois dos Estados Unidos retirarem as tarifas adicionais.