Vieira recebe ministro do Canadá para discutir acordo com Mercosul
Visita ocorre em um momento em que Canadá e Brasil buscam soluções para a guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, receberá o ministro do Comércio canadense, Maninder Sidhu, em Brasília nesta segunda-feira, 25, para discutir o andamento das negociações sobre um acordo econômico entre Canadá e Mercosul, grupo que inclui Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e mais recentemente Bolívia. O governo brasileiro ocupa neste semestre a presidência rotativa do bloco sul-americano.
O Itamaraty informou em nota oficial divulgada no domingo 24 que a reunião também discutirá opções para aumentar o comércio bilateral, além de promover investimentos mútuos e fortalecer a cooperação nas áreas de energia e minerais.
A visita de Sidhu ocorre em um momento em que Canadá e Brasil buscam soluções para a guerra comercial iniciada pelo presidente americano, Donald Trump. No caso brasileiro, produtos nacionais foram taxados em 50% em retaliação ao processo por conspiração golpista contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Diante desse cenário, o governo Lula busca abrir novos mercados para substituir as exportações para os Estados Unidos.
O Canadá continua sendo um importante parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o comércio bilateral atingiu US$ 9,1 bilhões, com a balança pendendo claramente a favor do país sul-americano. As exportações brasileiras totalizaram US$ 6,3 bilhões, enquanto as importações do Canadá representaram o restante.
Além do âmbito bilateral, o Canadá manifestou nos últimos meses a intenção de retomar as negociações com o Mercosul. As discussões para esse possível acordo começaram em 2018, mas foram paralisadas durante a pandemia de covid-19.
O aceno de Macron a acordo UE-Mercosul
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e ambos se comprometeram a “finalizar o diálogo” para a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Segundo comunicado do governo brasileiro, a intenção é que o tratado seja assinado “neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco sul-americano”, que se encerra em dezembro com a cúpula do Mercosul.
Na conversa por telefone, que, segundo o comunicado oficial, durou aproximadamente uma hora, Lula e Macron concordaram em manter um canal aberto de diálogo sobre outras questões internacionais. Entre elas, destacaram a guerra na Ucrânia após a invasão russa, bem como as iniciativas globais contra a fome e as mudanças climáticas.
O compromisso anunciado pelos dois líderes ocorre em um momento de renovada pressão sobre o acordo Mercosul-UE. Assinado em dezembro de 2024, o tratado ainda não entrou em vigor devido à falta de consenso político e às demandas dos países europeus quanto ao seu impacto no setor agrícola e em questões ambientais. A França, sob o presidente Macron, continua sendo um dos principais atores a expressar dúvidas sobre o texto.