Verdes rompem discussões para formar coalizão com Merkel
Com recusa, chanceler terá de se concentrar em atrair sociais-democratas

Depois de uma reunião de quase seis horas nesta quarta-feira, o Partido Verde alemão anunciou a decisão de não seguir adiante com o diálogo para participar de uma coalizão com os conservadores da chanceler Angela Merkel. Desta forma, a chanceler terá de concentrar as discussões para formação de um governo com o Partido Social-Democrata (SPD).
O grupo de Angela Merkel venceu por ampla margem as eleições legislativas realizadas em 22 de setembro, com o Partido União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) conquistando 41,5% dos votos, à frente do SPD, com 25,7%. Com o resultado, a chanceler completará seu terceiro mandato seguido. Apesar disso, o percentual não garantiu a maioria absoluta, obrigando Merkel a buscar um parceiro para a coalizão – que perdeu o aliado Partido Democrático Liberal (FDP), que não alcançou 5% dos votos e acabou ficando fora do Parlamento.
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Uma aliança com o SPD repetiria a ‘grande coalizão’ que governou o país entre 2005 e 2009. Mas as conversas iniciais indicam que o processo de convencimento poderá não ser tão fácil. Na segunda-feira, depois de uma reunião de oito horas, representantes do SPD indicaram que podem dizer não a chanceler.
Se a divergência entre os verdes e o grupo de Merkel envolveu temas como a política para os refugiados, a transição energética e a política de exportação de armas, além do aumento de impostos defendido pelos verdes para custear um ambicioso programa de investimento – e rejeitado pelos conservadores.
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No caso do SPD, há disposição em abrir mão do aumento de impostos se o grupo da chanceler apresentar outras formas para financiar mais investimentos em infraestrutura, educação e pesquisa. O grande ponto de divergência deverá ser o salário mínimo – o SPD defende a instauração de um piso nacional de 8,50 euros por hora, enquanto o CDU prefere que o valor seja negociado por setores e regiões.
Duzentos membros do SPD votarão no próximo domingo se continuam ou não as conversas para formação de uma coalizão de governo. A decisão será votada em seguida pelos 472 mil filiados.
(Com agência Reuters)