Venezuela recebe 199 deportados dos EUA após disputa entre os países; veja vídeo
Operações estavam pausadas havia um mês após troca de acusações e envio de migrantes a prisão de El Salvador

Um voo transportando 199 venezuelanos deportados dos Estados Unidos para pousou no aeroporto Simón Bolívar, perto de Caracas, na madrugada desta segunda-feira, 24. A operação marcou a retomada dos voos de repatriação entre os dois países, que não tem laços diplomáticos, mas chegaram a um acordo no sábado que deu novo fôlego ao plano do governo de Donald Trump para expulsar imigrantes irregulares em solo americano.
O avião da companhia aérea estatal Conviasa saiu do Texas rumo a Honduras antes de pousar no aeroporto internacional de Maiquetía, ao norte de Caracas, à 1h01 (2h no Brasil), transportando 199 migrantes. Os voos haviam sido interrompidos semanas atrás, depois que o governo Trump revogou uma licença que permitia que a Venezuela exportasse parte de seu petróleo para os Estados Unidos, apesar das sanções. Mas no sábado, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, descreveu as operações como uma chance de “resgatar e libertar migrantes de prisões”.
Ao desembarcarem do avião nesta manhã, alguns dos deportados ergueram os braços e acenaram.
Han llegado a Venezuela desde Guantánamo los venezolanos deportados de EEUU.
El chavismo lo ha vendido como un hito de propaganda alegando que se trata de “la liberación de detenidos”, como si ellos hubiesen intercedido para “liberarlos”. pic.twitter.com/VXJp6Gp7Ev
— Emmanuel Rincón (@EmmaRincon) February 21, 2025
El vicepresidente Sectorial de Política, Seguridad Ciudadana y Paz, Diosdado Cabello, anunció la llegada al país de 199 venezolanos deportados de Estados Unidos.
“Si ahí viene alguien que tenga alguna solicitud hecha por los órganos de justicia, será procesado. Si viene alguien… pic.twitter.com/Er9eEjahGd
— Darvinson Rojas Sánchez (@DarvinsonRojas) March 24, 2025
O Gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental americano descreveu o grupo como “estrangeiros ilegais” que “não tinham base para permanecer nos Estados Unidos”. O chefe da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, por outro lado, enfatizou no sábado que a migração “não era um crime”.
Crise
Em janeiro, a Venezuela concordou em receber deportados dos Estados Unidos em um acordo fechado pelo enviado especial do governo americano, Richard Grenell. Foi visto como um sucesso para Trump, que fez da deportação de migrantes sem documentos uma prioridade desde seu retorno à Casa Branca.
No entanto, no início de março, Maduro declarou que a decisão de Washington de revogar a licença para a gigante petrolífera Chevron operar na Venezuela havia criado “um pequeno problema”.
“Eles danificaram a linha de comunicação que havíamos aberto, e eu estava interessado nessas linhas de comunicação, porque queria trazer para casa todos os venezuelanos que eles têm sob custódia e que eles perseguiram injustamente”, disse o autocrata.
Uma semana depois, o governo Trump deportou 238 venezuelanos para uma megaprisão em El Salvador, argumentando que eles eram membros da gangue Tren de Aragua. Isso provocou protestos na Venezuela, onde vários parentes dos deportados para El Salvador insistiram que seus entes queridos não tinham conexões com o grupo criminoso.
A deportação de venezuelanos para a temida CECOT, a joia da coroa da estratégia agressiva de combate ao crime do líder salvadorenho, Nayib Bukele, onde visitas, recreação e educação não são permitidas, foi seguida por um aviso postado no X pelo secretário de Estado dos Estadps Unidos, Marco Rubio. Ele afirmou que a Venezuela enfrentaria sanções “severas e crescentes” caso se recusasse a aceitar seus cidadãos expulsos.
No dia seguinte, Maduro ordenou que seu governo “intensificasse as ações necessárias para garantir voos de retorno para migrantes detidos”.