Universidade em Lisboa é pichada com insultos racistas e xenofóbicos
Inscrições falam em uma "Europa branca" e pedem que estudantes brasileiros "voltem para as favelas"; casos de xenofobia se tornaram recorrentes em Portugal
Os muros da Universidade Católica Portuguesa (UCP) e de uma instituição de ensino secundária em Lisboa foram pichados com insultos racistas e xenofóbicos na madrugada desta sexta-feira, 29. As inscrições falam em uma “Europa branca” e pedem que os imigrantes brasileiros “voltem para as favelas”.
Uma das pichações faz referência direta aos imigrantes brasileiros. “Zucas, voltem para as favelas. Nos vos queremos aqui”, diz a inscrição, usando o apelido pelo qual os brasileiros são conhecidos em Portugal.
Outras mensagens de conteúdo racista também fora identificadas, como “Viva a raça branca” e “Fora com os pretos”. Segundo alunos da instituição, os muros da universidade amanheceram com as pichações. As paredes de uma escola secundária de Lisboa também foram vandalizadas.
Esta não é a primeira vez que alunos da Católica Portuguesa relatam casos de racismo e xenofobia entre os portugueses da instituição. Em junho, conteúdos da mesma natureza foram postados em um grupo nas redes sociais formado por estudantes do curso de Direito.
Na época, a universidade afirmou que abriu um processo disciplinar interno para investigar os responsáveis. “Do mesmo modo, irá apresentar uma queixa ao Ministério Público por crime de discriminação racial”, afirmou a instituição em nota.
“Desde que cheguei em Lisboa já tinha passado várias situações complicadas por ser brasileira, por exemplo, um queridíssimo professor falou para eu tomar cuidado para não passar nenhuma doença tropical para a sala”, relata a estudante de direito Ana Luisa Tinoco. Segundo a brasileira natural de São Paulo, situações como essa se tornaram recorrentes.
Em nota sobre o caso desta sexta, a reitoria da UCP afirmou que foi realizada uma queixa e que as imagens da pichação estão sendo analisadas. Uma denúncia formal foi protocolada no Ministério Público português.
“A universidade rejeita este ato, que atenta contra os princípios basilares do que a universidade enquanto espaço de abertura e diálogo representa e reafirma que continuará, firmemente, a desenvolver a sua ação educativa assente no respeito pela dignidade da pessoa, nos valores da liberdade e do diálogo”, afirmou a instituição na nota enviada a VEJA.
Em abril de 2019, um caso semelhantes aconteceu na Universidade do Porto. Um caixote de madeira com pedras amanheceu em um corredor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) com a seguinte frase: “Grátis se for para atirar em um ‘zuca’ (que passou na frente no mestrado)”. A inscrição foi interpretada como um convite ao apedrejamento dos brasileiros.