Único a apostar em Trump, ‘LA Times’ se gaba de acertar resultado
Com exceção do jornal californiano, pesquisas de opinião previam a vitória de Hillary Clinton até os últimos minutos de terça-feira
Nos últimos meses, milhares de pesquisas e dezenas de previsões com algoritmos complexos na imprensa americana apontaram a vitória certa da democrata Hillary Clinton, na corrida para chegar à Casa Branca. Quando o republicano Donald Trump foi eleito para ser o próximo o presidente dos Estados Unidos, na madrugada de quarta-feira, foram raros os que puderam confirmar seu poder de prever o futuro.
O jornal Los Angeles Times, que fez levantamentos em parceria com a Universidade do Sul da Califórnia, foi criticado por dar a vitória ao magnata em longos períodos de tempo desde agosto, contrariando pesquisas famosas, como as da emissora CNN e da agência Reuters. Na manhã de hoje, foi o único grande jornal a comemorar o acerto: “A pesquisa do L.A. Times/USC viu o que o que outras perderam: a onda apoio a Trump”.
De acordo com um editorial do jornal californiano, a grande diferença entra a sua pesquisa e as da concorrência diz respeito à ponderação, processo de adequar os dados para garantir que a diversidade da população esteja representada. “Nosso plano para ponderar era mais complicado que grande parte das outras pesquisas – talvez complexo demais, para os críticos”, escreveu o jornal.
Nas eleições presidências de 2012, os institutos de pesquisa já haviam sido questionados sobre sua capacidade de acerto por indicarem, durante meses, uma vitória apertada de Barack Obama. O L.A. Times, outra vez, foi certeiro ao sugerir uma grande margem de votos do democrata. “Nossos resultados causam desânimo e até raiva entre os eleitores”, apontou o jornal. Para Jon Cohen, vice-presidente da empresa de pesquisas Survey Monkey, os erros desta eleição “podem apontar o colapso cataclísmico nas pesquisas, que muitos na indústria temeram”.
Entre os derrotados famosos, que terão seu serviço questionado, estão o site do estatístico-celebridade Nate Silver, FiveThirtyEight, e o próprio The New York Times, que ainda na noite de terça-feira garantia 85% de chances de que Hillary saíssem campeã. Seu único prêmio de consolação pode ser acertar o vencedor do voto popular, que a democrata liderava na noite desta quarta-feira, com 0,2% de distância de Trump.
Profetas
Algumas profecias improváveis se confirmaram na noite de ontem, ao contrário das previsões estatísticas. Allan Lichtman, professor da American University, em Washington, acertou pela oitava vez o presidente eleito, através de um sistema em que analisa o cenário político com 13 frases de verdadeiro ou falso. No condado de Vigo, em Indiana, o resultado local foi o mesmo das eleições nacionais pela décima sexta vez consecutiva – a região acerta presidentes desde 1956.