Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Uma geração que definha

A menina da foto é o futuro do Iêmen — um retrato trágico do que sobrou do país após três anos e meio de bombardeios, bloqueios, doenças e fome

Por Thais Navarro
Atualizado em 4 jun 2024, 16h03 - Publicado em 21 dez 2018, 07h00

selo-retrospectiva-2018Reduzida a pele e osso, Jenna Ali Hatman, de 1 ano e 8 meses, chega no colo da mãe, Miriam Hamdan, a uma clínica no norte do Iêmen que tenta reverter o quadro de crianças malnutridas. Jenna é o futuro de seu país — um retrato trágico do que sobrou após três anos e meio de bombardeios, bloqueios, doenças e fome generalizada. O ponto de partida do drama iemenita foi a derrubada do governo do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi pelos rebeldes xiitas hutis. A vizinha Arábia Saudita viu aí uma ameaça de expansão do rival Irã, também xiita, e acionou sua aviação militar. Bombardeou tudo o que, do alto, parecesse alvo — pontes, fábricas, estradas, hospitais, enterros, casamentos e, numa ocasião, um ônibus escolar lotado.

A ONU calcula que 18 000 civis morreram até agora. Os hutis controlam o aeroporto da capital, Sana, e o porto de Hodeidah, essencial para a circulação de mercadorias, e dizem que só liberarão as duas passagens se os sauditas encerrarem os bombardeios e o bloqueio. Armados com o que há de mais avançado no arsenal dos Estados Unidos, os aviões atacam com o beneplácito de Donald Trump, amigo incondicional do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, senhor da guerra (e suspeitíssimo de um assassinato — veja a reportagem).

Segundo a ONU, 250 000 iemenitas estão na fase 5 da escala de desnutrição, o nível mais alto, de “fome, morte e miséria”. Outros 5 milhões se encontram na fase 4, de “desnutrição aguda e mortalidade excessiva”. No total, 20 milhões de pessoas passam fome. Uma epidemia de cólera espalhou-se por 21 das 22 províncias. Desde o início do mês, vigora um cessar-fogo, enquanto representantes dos dois lados negociam na Suécia, sob mediação da ONU e da Cruz Vermelha, uma saída para o conflito e o desastre humanitário. O problema é que, para crianças como Jenna, o tempo está acabando.

Publicado em VEJA de 26 de dezembro de 2018, edição nº 2614

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.