UE processa AstraZeneca pela demora na entrega de doses de vacina
A relação entre empresa e bloco já estava estremecida desde as acusações de um suposto favorecimento ao Reino Unido no começo do ano
A União Europeia decidiu, nesta segunda-feira, 26, processar a AstraZeneca pela demora na entrega das doses de vacina prometidas. A ação movida pela Comissão Europeia, instituição que representa e defende os interesses do bloco no mundo, afirma ainda que a farmacêutica não tem um plano confiável para garantir as entregas em tempo hábil.
Com um ritmo de vacinação muito lento no continente europeu, a relação entre a empresa e o bloco está estremecida desde o atraso nos primeiros lotes da vacina. Alguns membros do bloco acusaram a farmacêutica de dar tratamento especial ao Reino Unido. A AstraZeneca, por sua vez, voltou a negar que não existe um tratamento diferente e afirmou que a ação “não tem mérito” e que se defenderá fortemente nos tribunais.
De acordo com a Comissão, a ideia de ir adiante com o processo recebeu o apoio de todos os 27 países-membros da UE e é baseada em um acordo assinado em agosto de 2020 para a aquisição de 300 milhões de doses de imunizantes, com a opção de comprar mais 100 milhões futuramente. No início deste ano, a empresa alegou problemas de produção e entregou apenas 30 das 80 milhões prometidas para o primeiro semestre.
“Os termos do contrato não foram respeitados. Queremos a certeza de que haverá uma entrega rápida de um número suficiente de doses, estas prometidas com base contratual”, disse a instituição.
Em entrevista à Reuters, um funcionário da União Europeia disse que a ação judicial serve para enviar uma mensagem ao diretor executivo da empresa, Pascal Soriot. Em comunicado, a AstraZeneca disse que “cumpriu integralmente” com o acordo e que espera desfazer a confusão o mais rápido possível, além de afirmar que a obrigava a fazer “o melhor possível”, e não a seguir um cronograma específico.
Com a situação da vacinação crítica no continente, a Europa passou a ter como foco principal a aplicação dos imunizantes da Pfizer/BioNTech e ainda espera vacinar 70% de sua população até o final do verão europeu.
O anúncio ocorre em um momento em que vários países europeus começaram a diminuir as suas medidas de restrição. Na França, milhares de crianças foram autorizadas a voltar a estudar presencialmente, enquanto creches e escolas primárias também podem reabrir após três semanas de paralização.
Na Itália, bares e restaurantes por quase todo o país estão permitidos a atender seus clientes do lado de fora dos estabelecimentos, ao mesmo tempo que a Bélgica permitiu a reabertura de salões de beleza e cabelereiros.
O ritmo de vacinação na União Europeia continua lento, principalmente se comparado ao de outros países ricos. Cerca de 90,4 milhões de doses foram aplicadas em uma população composta por 446 milhões de pessoas, o equivalente a 20,2%. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos já vacinaram 42% de sua população, Reino Unido 50,5%, e Israel mais de 62%.