UE diz que tarifaço de Trump sobre aço e alumínio é ‘ilegal’ e ameaça retaliação aos EUA
Declaração ocorre um dia após republicano anunciar que aplicaria taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio

A União Europeia (UE) afirmou nesta segunda-feira, 10, que está preparada para retaliar caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decida impor novas tarifas para a Europa. A declaração ocorre um dia após o republicano anunciar que aplicaria taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio e que também miraria tributos nesta semana contra países que cobram impostos sobre mercadorias americanas.
“A UE não vê justificativa para a imposição de tarifas sobre suas exportações. Reagiremos para proteger os interesses de empresas, trabalhadores e consumidores europeus de medidas injustificadas”, disse a Comissão Europeia, braço executivo da UE. “Tarifas são essencialmente impostos. Ao impor tarifas, os EUA estariam taxando seus próprios cidadãos, aumentando os custos para os negócios e alimentando a inflação.”
Além disso, a Comissão alegou que o tarifaço seria “ilegal e economicamente contraproducente”. Trump, por sua vez, repetidamente reclama sobre os impostos de 10% da UE sobre as importações de veículos dos EUA, sob argumentos de que o percentual é muito elevado em comparação aos 2,5% da taxa americana sobre carros europeus.
Não é a primeira vez, no entanto, que o líder americano torna o bloco europeu um alvo. No seu primeiro mandato, impôs tarifas de 25% sobre o aço de uma gama de países, além 10% sobre o alumínio, o que custou cerca de € 6,4 bilhões em exportações para a UE. Em resposta, o bloco entrou com tarifas de € 2,8 bilhões sobre produtos dos EUA, desde motos a jeans.
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Reação internacional
Caso concretizada, a medida afetará, em maior peso, Canadá, México e o Brasil – principais exportadores de aço para os EUA, de acordo com dados comerciais do governo americano. Metade de todo o aço brasileiro exportado tem os EUA como mercado, totalizando US$ bilhões de dólares em vendas. Após os comentários de Trump, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que o Brasil só se manifestará após a ameaça entrar em prática.
“O governo tomou a decisão de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas, não em anúncios que podem ser mal interpretados, revistos”, declarou Haddad.
Na Europa, o coro foi reforçado pelo chanceler da Alemanha que, embora tenha destacado que há nada oficial, era preciso “dizer com grande cautela, mas com grande clareza: qualquer um que imponha tarifas deve esperar contratarifas”. Na véspera, no debate eleitoral contra o conservador Friedrich Merz, Scholz já havia adiantado que a UE estava “preparada” para retaliar e “pronta para agir dentro de uma hora”.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também alertou que estava disposto a competir “cabeça a cabeça” com as tarifas dos EUA, advertindo: “Eu já fiz isso, e farei novamente”. Assim como a Comissão Europeia, ele salientou que a decisão do republicano “significa que se você colocar tarifas em muitos setores, isso aumentará os custos e criará inflação nos EUA” e questionou se “é isso que o povo quer”.
Um porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que o governo britânico ainda não havia avaliado os potenciais impactos do plano de Trump, mas que estava preparado para os desdobramentos.