Ucrânia acusa Rússia de violar seu próprio cessar-fogo
Decretada por Putin, trégua de três dias entra em vigor nesta quinta-feira devido ao feriado russo que comemora vitória da URSS sobre os nazistas na II Guerra

Entrou em vigor nesta quinta-feira, 8, um cessar-fogo de três dias na guerra na Ucrânia, declarado unilateralmente pela Rússia devido às celebrações do 80º aniversário da vitória da União Soviética e seus aliados sobre a Alemanha nazista na II Guerra Mundial (1939-1945).
A Força Aérea ucraniana disse que não havia mísseis ou drones russos no espaço aéreo ucraniano desde o início da trégua. A capital ucraniana, Kiev, amanheceu livre do som de explosões e ataques russos, em contraste com os dias anteriores, marcados por diversos ataques de ambos os lados.
No entanto, um porta-voz militar ucraniano afirmou que as tropas russas continuaram a atacar diversas áreas próximas à fronteira com a Rússia na quinta-feira. Segundo o exército ucraniano, foram realizadas mais de sessenta ofensivas após a meia-noite do horário local. Na região ucraniana de Sumy, perto da divisa, aeronaves russas lançaram bombas guiadas três vezes, segundo a Força Aérea.
Comemoração do Dia da Vitória
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na semana passada uma trégua unilateral de três dias, de 8 a 10 de maio, devido à comemoração do Dia da Vitória, que contará com a presença de quase trinta líderes estrangeiros, incluindo os presidentes do Brasil e da China, Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping.
Para os russos e muitos outros povos da antiga União Soviética, 9 de maio é a data mais sagrada do calendário. O Kremlin disse na quarta-feira que a Rússia estava fazendo todo o necessário para garantir a segurança do evento.
“Todas as medidas necessárias estão sendo tomadas por nossos serviços de inteligência e militares para garantir que a celebração da Grande Vitória seja realizada em um ambiente calmo, estável e pacífico”, disse Peskov.
No entanto, a Ucrânia não se comprometeu a cumprir o cessar-fogo do Kremlin. O presidente do país, Vololdymyr Zelensky, rejeitou a proposta como uma manobra “pouco séria” para garantir a tranquilidade das celebrações do feriado de 9 de maio e maquiar uma inclinação russa em favor do fim da guerra.
“Não podemos ser responsabilizados pelo que acontece no território da Federação Russa. Eles são responsáveis pela sua segurança e, portanto, não lhes daremos nenhuma garantia”, disse Zelensky.
O líder da Ucrânia pediu trinta dias de pausa nas hostilidades, o que o Kremlin nega por demandar mais negociações. Em meio à queda de braço, os Estados Unidos vêm pressionando Moscou a concordar com uma trégua mais longa, embora o presidente americano, Donald Trump, tenha expressado apoio tácito ao plano do Kremlin.