Duas conversas telefônicas do presidente dos Estados Unidos Donald Trump realizadas no final de janeiro, uma com o presidente do México e a outra com o primeiro-ministro da Austrália, foram divulgadas na íntegra nesta quinta-feira pelo Washington Post. O jornal obteve as transcrições, feitas pela Casa Branca, mas que não eram públicas, de uma fonte que pediu para não ser identificada.
No diálogo com o presidente do mexicano, Enrique Peña Nieto, Trump falou sobre o financiamento do muro na fronteira dos dois países, uma de suas principais promessas de campanha, e da potencial tarifação de mercadorias mexicanas. Logo no começo da ligação, Trump diz que considera Peña um amigo, mas conta que não queria fazer uma reunião com o México e que aceitou graças às relações de Jared Kushner, seu genro e conselheiro, com Luis Videgaray, o Ministro das Relações Exteriores de Peña.
O presidente americano disse que interessa aos Estados Unidos que o México tenha uma economia forte e saudável e indicou saber que o dinheiro para o muro teria de vir de outras fontes, mas pediu que Peña parasse de desafiar publicamente a construção fronteiriça. “Você não pode falar isso na imprensa”, disse. “Se você vai dizer que o México não vai pagar pelo muro, então eu não quero mais me reunir com vocês, porque não posso viver com isso”, completou.
A conversa com o primeiro-ministro australiano Malcom Turnbull aconteceu um dia depois do telefonema à Pena, em 28 de janeiro. Os dois líderes discutiram sobre o acordo sobre os refugiados, estabelecido pelo ex-presidente Barack Obama, que determina que os Estados Unidos recebam os refugiados detidos ao tentar entrar ilegalmente na Austrália. “Só tenho que dizer que, infelizmente, vou ter que viver com o que foi dito por Obama. Eu odeio isso”, disse Trump.
O presidente americano não escondeu sua irritação com o Turnbull. “Eu odiei isso. Eu tenho feito essas chamadas o dia todo, e para ser honesto, essa é a ligação mais desagradável até agora”, disse Trump que, mais cedo havia conversado com os líderes do Japão, Shinzo Abe, da Rússia, Vladimir Putin, da França, então comandada por François Hollande, e da Alemanha, Angela Merkel. “Putin foi um telefonema agradável. Isto é ridículo”, completou.