Trump tem planos para acabar com a guerra na Ucrânia, diz Orbán à UE
Em carta ao Conselho Europeu, premiê da Hungria afirmou que ex-presidente estava pronto para atuar como mediador da paz
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, escreveu nesta terça-feira, 16, em uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem planos “detalhados e bem fundamentados” para uma resolução de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
O premiê se encontrou com o republicano na semana passada em seu complexo em Palm Beach, na Flórida.
Segundo Orbán, Trump estava pronto para atuar como mediador da paz “imediatamente” após sua eleição.
Em sua carta ao Conselho Europeu, que organiza reuniões entre os 27 líderes dos países que integram o bloco, o primeiro-ministro afirmou que, com o “provável” resultado vitorioso do republicano na atual eleição presidencial, a UE deveria reabrir “linhas diretas de comunicação diplomática” com a Rússia e ter conversas políticas com a China.
Além disso, para o premiê, a volta do republicano para a Casa Branca significaria que o fardo financeiro dos EUA de apoiar a guerra passaria para os estados-membros.
“Estou mais do que convencido de que, no provável resultado da vitória do presidente Trump, a proporção do fardo financeiro entre os EUA e a UE mudará significativamente em desvantagem para a UE no que diz respeito ao apoio financeiro à Ucrânia”, escreveu.
Recentemente, Orbán assumiu a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, o que dá a ele uma maior influência nos assuntos europeus.
Antes de visitar Trump, logo após o encerramento da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o húngaro se encontrou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o mandatário russo, Vladimir Putin, e o líder chinês, Xi Jiping.
Na carta, Orbán afirmou que, após a conversa com os três líderes, que a “intensidade do conflito militar” aumentaria “radicalmente no futuro próximo”.
De acordo com ele, a atual estratégia do bloco é similar a “política pró-guerra dos EUA” e que era necessário uma discussão para entender se “a continuação dessa política é racional no futuro”.
Em resposta ao premiê, Michel afirmou que Orbán não tinha mandato para se envolver em negociações internacionais em nome da UE e rejeitou que o bloco tinha uma “política pró-guerra”.
“A Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima que exerce seu legítimo direito à autodefesa”, respondeu o presidente do Conselho Europeu. “Nenhuma discussão sobre a Ucrânia pode ocorrer sem a Ucrânia”, acrescentou.
A troca de cartas surgiu depois que a Comissão Europeia fez uma decisão sem precedentes nesta segunda-feira, 15, de boicotar reuniões organizadas por Budapeste, em resposta às visitas informais de Orbán.
Um porta-voz da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, afirmou que ninguém da equipe participará de reuniões “informais” da UE na Hungria. A comissão também cancelou a visita de von der Leyen a Budapeste.