Trump pede prisão de governador de Illinois em meio a disputa sobre Guarda Nacional
Declaração ocorre em meio ao envio de centenas de soldados para a terceira maior cidade dos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu a prisão do governador do Estado de Illinois, JB Pritzker, e do prefeito de Chicago, Brandon Johnson, por “não protegerem” os agentes da polícia de imigração americana, o ICE, durante sua atuação nas ruas da terceira maior cidade do país. A declaração foi feita na quarta-feira, 8, em meio à escalada nas tensões entre a Casa Branca e as cidades e estados governados por membros do Partido Democrata.
A fala de Trump foi feita em sua rede Truth Social, através de uma publicação que afirma: “O prefeito de Chicago deveria estar na prisão por não proteger os oficiais do ICE! O governador Prtizker também!”.
Em resposta, Johnson afirmou que “esta não é a primeira vez que Trump tenta prender um homem negro injustamente” e que “não vai a lugar algum”. Já o governador Prtizker questionou “o que resta no caminho para o autoritarismo total”, uma vez que o republicano estaria “pedindo a prisão de representantes eleitos que limitam seus poderes”.
O impasse entre o presidente e as autoridades do Estado de Illinois acontece enquanto centenas de soldados da Guarda Nacional chegam a Chicago para dar prosseguimento à cruzada do governo contra a imigração nos EUA. Cerca de 500 soldados — 200 da Guarda Nacional do Texas e 300 da Guarda Nacional de Illinois — foram enviados em uma operação definida como “missão de proteção federal”.
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Na segunda-feira, 6, o Estado de Illinois e a cidade de Chicago entraram com uma ação judicial para barrar o envio de tropas para a cidade, uma vez que a utilização de militares na aplicação da lei doméstica é limitada pela Lei Posse Conmitatus, de 1878. Como resposta, Trump ameaçou acionar a também centenária Lei de Insurreição, que permite remover essa barreira “sempre que houver insurreição em qualquer Estado”.
“Se eu tivesse que decretar isso, eu o faria, se as pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais estivessem nos segurando, ou governadores, ou prefeitos estivessem nos segurando”, afirmou Trump na segunda. A audiência que define o futuro da cidade está marcada para esta quinta-feira, 9.
Enquanto isso não acontece, centenas de soldados da guarda nacional seguem aguardando ordens na região. Ainda não está claro de que forma Trump irá utilizar as tropas, que estão situadas em um centro de treinamento do Exército localizado a sudoeste de Chicago. O local foi equipado com banheiros portáteis e suprimentos ao longo da semana.
“O governo não se comunicou conosco de forma alguma sobre o movimento destas tropas”, declarou Pritzker a repórteres. O governador também disse estar incrédulo sobre ter que comentar a respeito de movimentação de tropas em uma cidade americana. Já Johnson afirmou que o objetivo das tropas é “alimentar o medo”.
“Trata-se de quebrar a constituição, o que lhe daria muito mais controle sobre nossas cidades”, disparou o prefeito de Chicago.
Chicago tem sido alvo de críticas constantes por parte de Trump, que repetidamente acusa a cidade de ser um local tomado pelo crime, embora as estatísticas policiais apontem quedas significativas nos índices de criminalidade, incluindo homicídios. Como resposta, a terceira maior cidade americana tem visto grandes protestos contra a postura de Trump contra os imigrantes, o que levou o mandatário a definir o local como uma “zona de guerra”.
Durante os protestos do último final de semana, agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês) abriram fogo contra uma manifestante, identificada como Marimar Martínez, após ela supostamente jogar seu carro contra viaturas policiais. Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), Martínez já recebeu alta do hospital e foi levada sob custódia do FBI. A mulher irá enfrentar acusações criminais relacionadas ao incidente.
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