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Trump parece oferecer acordo político a Robert Kennedy Jr. em áudio vazado

O candidato independente, que tem puxado votos tanto de Biden contra de Trump nas pesquisas de opinião, pediu desculpas pela divulgação do diálogo

Por Da Redação
16 jul 2024, 13h46

Uma conversa entre o ex-presidente americano Donald Trump, agora candidato novamente pelo Partido Republicano, e o presidenciável independente Robert F. Kennedy Jr., que, segundo pesquisas de opinião, tem roubado eleitores tanto de Trump quanto do atual chefe da Casa Branca, Joe Biden, parece mostrar o republicano tentando oferecer um acordo político para que o adversário deixe a corrida eleitoral. O diálogo foi vazado em vídeo e em áudio por um dos filhos do independente, Bobby Kennedy III.

Tudo indica que o telefonema ocorreu antes de uma reunião entre Trump e Kennedy, na segunda-feira, durante a Convenção Nacional do Partido Republicano em Milwaukee, Wisconsin. O objetivo era supostamente discutir a possibilidade do candidato independente apoiar o republicano na disputa contra Biden.

Com pouco mais de um minuto e 40 segundos, o vídeo da conversa mostra Kennedy parado perto de uma bandeira dos Estados Unidos em uma sala mal iluminada, segurando um telefone e ouvindo Trump no viva-voz. Partes das observações de Trump são difíceis de ouvir, mas na maior parte do conteúdo audível os dois discutem os supostos perigos da vacinação. Ex-advogado ambiental, Kennedy ganhou destaque antes e durante a pandemia de Covid-19 ao espalhar teorias da conspiração sobre vacinas e seus supostos efeitos, enquanto Trump foi presidente no primeiro ano da pandemia, período em que também ajudou a aumentar a desconfiança nas diretivas de saúde pública.

Depois de criticar o tamanho das vacinas, que Trump diz serem “grandes demais” para bebês e mais cabíveis para “um cavalo”, o republicano parece sugerir que os dois homens trabalhem juntos.

“De qualquer forma, eu adoraria que você fizesse algo, e acho que seria muito bom para você e muito grande para você”, afirmou o ex-presidente.

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“Ele não vai desistir da corrida”

Depois que a conversa foi divulgada, Kennedy Jr. pediu desculpas a Trump nesta terça-feira.

“Quando o presidente Trump me ligou, eu estava gravando com um cinegrafista interno”, disse o independente. “Eu deveria ter ordenado ao cinegrafista que parasse de gravar imediatamente. Estou mortificado que isso tenha sido postado. Peço desculpas ao presidente.”

A porta-voz de Kennedy, Stephanie Spear, confirmou que ele se encontrou com Trump na convenção republicana em Milwaukee, alegando trataram de questões como “a unidade nacional” e dizendo que o independente “espera encontrar-se também com líderes do Partido Democrata”.

“Ele não vai desistir da corrida. Ele é o único candidato pró-meio ambiente, pró-escolha e anti-guerra que vence Donald Trump nas pesquisas frente a frente”, acrescentou.

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O terceiro elemento

Pesquisas de opinião mostram que Kennedy Jr. pode influenciar a corrida presidencial em estados-chave. Ele já conseguiu assinaturas suficientes para aparecer nas cédulas em swing states, aqueles que definem eleições, como Arizona, Geórgia, Nevada, Michigan e New Hampshire. Não está claro, porém, se roubará mais apoio de Biden ou de Trump.

RFK Jr., como gosta de ser chamado (reeditando as iniciais pelas quais o pai era conhecido), é filho do senador Robert Kennedy, alvejado fatalmente em uma primária democrata quando tentava se candidatar à Casa Branca em 1968, e sobrinho do ex-presidente John Kennedy, assassinado a tiros em 1963. A maioria das pesquisas o coloca com cerca de 10% até 15% das intenções de voto — a melhor performance de um candidato independente em décadas.

Candidatos independentes como Kennedy não têm nenhuma chance de emperrar a engrenagem da máquina eleitoral dos partidos tradicionais, mas são capazes de causar soluços e imprevistos, ainda mais em uma eleição como a deste ano, que deve ser decidida por margem muito estreita de delegados no Colégio Eleitoral.

Ao longo da história, outsiders já mostraram que podem ser um fator de risco para os políticos tradicionais. Na disputada eleição de 2000, Ralph Nader, do Partido Verde, amealhou 3 milhões de votos que fizeram muita falta ao democrata Al Gore e contribuíram para a vitória do republicano George W. Bush. Anos antes, em 1992, outro azarão, o bilionário conservador Ross Perot, sacudiu a tranquilidade das legendas mais conhecidas ao atrair 19% do eleitorado, boa parte insatisfeita com a conjuntura econômica da época, e fortalecer o democrata Bill Clinton. Resta ver que prejuízo Kennedy poderá causar desta vez, e a quem.

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