Trump: morte de jornalista foi ‘um dos piores acobertamentos da história’
Departamento de Estado cancela vistos americanos de 21 envolvidos no assassinato de Jamal Khashoggi em Istambul
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (23) que a morte do jornalista Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita em Istambul foi um dos “piores acobertamentos da história”. Seu governo, entretanto, está longe de impor as prometidas “severas consequências” ao reino. O Departamento de Estado anunciou apenas a revogação dos vistos americanos aos 21 envolvidos no assassinato.
“Eles tiveram uma péssima ideia, para começar. Foi mal executada, e o acobertamento foi um dos piores da história”, declarou Trump, na Casa Branca. “Assunto ruim. Isto jamais deveria ter sido concebido. Alguém fez besteira e ainda por cima tinham o pior acobertamento da história”, afirmou. “Quem quer que tenha tido esta ideia, acho que está metido em grandes problemas”, acrescentou.
Trump deu as declarações à imprensa depois de o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ter qualificado o crime como um “assassinato selvagem” e prometido fazer “tudo o que for possível para esclarecer” o episódio.
Ao ser perguntado sobre o tom de Erdogan, Trump respondeu: “Eu diria que foi bastante duro com a Arábia Saudita”.
“Primeiro, quero ver os fatos”, disse o presidente americano, destacando que Riad tem sido um “excelente aliado” dos Estados Unidos há décadas e reiterando ser o reino um dos maiores investidores no país.
Crítico do regime de seu país, Khashoggi, de 59 anos, entrou no consulado saudita em Istambul em 2 de outubro para buscar os documentos para seu casamento. Ele jamais abandonou o prédio.
“O mundo está observando. O povo americano quer respostas, e exigiremos que essas respostas cheguem”, disse o vice-presidente Mike Pence em um evento realizado no jornal Washington Post, onde Khashoggi era colunista.
A revogação dos vistos americanos para os 21 sauditas envolvidos no homicídio de Khashoggi está muito longe de atingir o governo saudita e o maior suspeito de ter ordenado o crime, o príncipe-herdeiro Mohammed Bin-Salmon.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse à imprensa que Washington vai “tomar as ações que correspondem, incluindo a revogação dos vistos, a colocação nas listas de vigilância e outras medidas”.
“Estas sanções não serão a última palavra dos Estados Unidos neste tema. Vamos continuar explorando medidas adicionais”, afirmou Pompeo. “Nós vamos deixar muito claro que os Estados Unidos não toleram este tipo de ações para silenciar o senhor Khashoggi, um jornalista, mediante a violência”, acrescentou.
(Com AFP)