Trump escolhe ‘czar da fronteira’ e embaixadora na ONU para novo governo
Ex-diretor da Imigração e Alfândega ficará a cargo de 'deportação em massa'; ex-crítica do presidente eleito, deputada de NY representará EUA no órgão global
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite do domingo 10 que Tom Homan, ex-diretor interino da agência de Imigração e Alfândega (Ice, na sigla em inglês), ficará encarregado das fronteiras do país em seu novo governo, enquanto a deputada republicana Elise Stefanik, de Nova York, será a próxima embaixadora americana nas Nações Unidas.
“Czar das fronteiras”
As áreas de controle de Homan incluirão “a fronteira sul, a fronteira norte, toda a segurança marítima e da aviação”, afirmou Trump em uma publicação em sua rede social, a Truth. O presidente eleito acrescentou que seu “czar da fronteira” ficará encarregado da deportação de imigrantes ilegais – um apelido que tinha conotação negativa quando empregado contra a vice-presidente Kamala Harris durante a campanha, devido à sua missão no governo de Joe Biden de enfrentar as “causas raiz” da imigração.
Homan, que fez parte da primeira administração Trump por um ano e meio, também é candidato a secretário de Segurança Interna.
Deportações em massa — e a construção de campos de detenção para prender imigrantes ilegais — foram uma parte fundamental da campanha de Trump. Em julho, ele já havia afirmado em entrevista à emissora americana Fox News que Homan poderia ficar a cargo dessas tarefas: “Tenho Tom Homan escalado. Temos as melhores pessoas”.
Homan é um bolsista do Heritage Foundation, um think tank ultraconservador, e autor do Projeto 2025, documento de 900 páginas que tem a ambiciosa pretensão de moldar o futuro do país com o desmantelamento de órgãos federais e agências reguladoras – por meio da troca de até 50.000 funcionários públicos por aliados. Na Convenção Nacional Republicana, que oficializou a candidatura de Trump, ele disse que tinha “uma mensagem para os milhões de ilegais que Biden permitiu entrarem no país em violação à lei federal – comecem a fazer as malas, porque vocês vão para casa”.
Pouco antes, em um painel sobre política de imigração em julho, Homan disse: “Trump volta em janeiro. Estarei no seu encalço e comandarei a maior força de deportação que este país já viu”.
Embaixadora na ONU
Elise Stefanik, uma deputada republicana de Nova York, aceitou o convite de Trump para ser a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas – uma função que já foi ocupada pela ex-candidata presidencial republicana Nikki Haley.
Stefanik, uma crítica de Trump que se tornou aliada, é a presidente da Conferência Republicana da Câmara, o que a torna a quarta republicana mais importante da Câmara.
“Estou honrada em nomear a presidente Elise Stefanik para servir em meu gabinete como embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Elise é uma lutadora incrivelmente forte, resistente e inteligente da lógica ‘America First’”, disse Trump em uma declaração ao jornal americano New York Post, referindo-se à sua posição protecionista e isolacionista de colocar o país em primeiro lugar no comércio global e nas relações internacionais.
Stefanik, 40 anos, foi um dos primeiros membros da Câmara a endossar a candidatura de Trump à reeleição em 2024 e espalhou as falsas alegações de que ele teria vencido as eleições de 2020 contra Joe Biden, minimizando a gravidade da invasão de uma turba trumpista ao Capitólio dos EUA no fatídico 6 de janeiro de 2021.
“Estou realmente honrada em receber a nomeação do presidente Trump para servir em seu gabinete como embaixadora dos EUA nas Nações Unidas”, disse Stefanik na declaração em que confirmou seu aceite.
“A América continua a ser o farol do mundo, mas esperamos e devemos exigir que nossos amigos e aliados sejam parceiros fortes na paz que buscamos”, acrescentou ela.