Trump diz que Xi está no Vietnã para descobrir como ‘prejudicar’ os EUA
Em Hanói, durante guerra comercial, presidente da China assinou 45 acordos de cooperação, de inteligência artificial a patrulhas marítimas conjuntas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 14, que o seu homólogo chinês, Xi Jinping, prestou uma visita ao Vietnã para descobrir como “prejudicar” Washington. Na capital vietnamita, Hanói, Xi se encontrou com o principal líder do país, Tô Lâm, e assinou 45 acordos de cooperação, de inteligência artificial a patrulhas marítimas conjuntas. A viagem, que termina nesta terça-feira, ocorre em meio a uma ampla viagem do presidente da China ao sudoeste asiático, que incluirá Malásia e Camboja.
“Eu não culpo a China; eu não culpo o Vietnã”, disse Trump a repórteres na Casa Branca. “Foi uma reunião adorável. Uma reunião como se estivéssemos tentando descobrir ‘como podemos ferrar com os Estados Unidos da América?'”
Antes dos comentários do republicano, Xi apelou para que a China e o Vietnã “se opusessem à intimidação unilateral e defendessem a estabilidade do sistema global de livre comércio”, em referência ao tarifaço de Trump. Na semana passada, Pequim subiu para 145% as tarifas sobre produtos americanos, enquanto os Estados Unidos anunciaram taxas sobre importações chinesas que, somadas, também chegam a 145%.
Hanói, por sua vez, está entre os países que sofrem com um dos impostos mais pesados (46%), anunciados no “Dia da Libertação” de Trump, em 2 de abril. Nos primeiros três meses deste ano, a Vietnã importou bens no valor de cerca de US$ 30 bilhões (mais de R$ 175 bilhões) da China, enquanto as suas exportações para os Estados Unidos subiram para US$ 31,4 bilhões (por volta de R$ 183,4 bilhões).
+ Em meio ao tarifaço de Trump, China diz que ‘jamais’ se curvará à pressão dos EUA
Janela de oportunidade
Embora o presidente americano tenha pausado as taxas por 90 dias, com exceção da China, países se preparam para lidar – e negociar, se possível – com as possíveis consequências do cerco tarifário de Trump. Alguns países, como Canadá e México, além da União Europeia, também prometeram retaliações.
Xi já havia planejado viajar para a região antes do anúncio de tarifas de Trump, mas ganha um caráter simbólico e torna-se uma oportunidade em meio ao caótico tarifaço. A China tenta mostra-se como um parceiro comercial estável e, com isso, pode ganhar terreno entre parceiros comerciais de Washington, insatisfeitos com a decisão do republicano.
Em artigo no jornal do Partido Comunista do Vietnã, Nhandan, Xi escreveu que “não há vencedores em guerras comerciais e tarifárias” e que o protecionismo “não leva a lugar nenhum”. Na última sexta-feira 11, o Ministério das Relações Exteriores da China subiu o tom e disse que o país “jamais” se curvará aos EUA. A pasta também instou o governo americano a “parar com suas atitudes imprevisíveis e destrutivas” caso queira dialogar. Segundo a emissora americana CNN, Trump se recusou a iniciar as discussões e espera que Xi dê o primeiro passo.