Trump começa turnê por países do Golfo em busca de mega acordos econômicos
Questões de segurança da região, que vão da guerra em Gaza às negociações sobre o programa nuclear do Irã, ficam em segundo plano

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou à Arábia Saudita nesta terça-feira, 13, dando início a uma turnê de quatro dias pelos abastados países do Golfo. O foco da viagem está mais conectado a acordos econômicos do que às questões de segurança da região, que vão da guerra em Gaza às negociações sobre o programa nuclear do Irã.
Com uma comitiva que inclui dezenas de poderosos empresários americanos, Trump visitará Riad, sede de um Fórum de Investimentos Saudita-EUA, antes de seguir para o Catar na quarta-feira, 14, e para os Emirados Árabes Unidos na quinta, 15. Ele não programou uma parada em Israel, decisão que levantou questionamentos sobre a relação entre os aliados e as prioridades de Washington. (O americano também afirmou que pode seguir viagem para a Turquia depois disso, para possíveis negociações diretas entre Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia.)
Na viagem, Trump quer assegurar investimentos da ordem dos trilhões de dólares por parte dos produtores de petróleo do Golfo. A Arábia Saudita prometeu US$ 600 bilhões (cerca de R$ 3,4 trilhões, na cotação atual), mas Trump afirmou que quer US$ 1 trilhão (R$ 5,6 trilhões) do reino, um dos aliados mais importantes de Washington.
Almoço com MBS
A Arábia Saudita e os Estados Unidos mantêm laços estreitos há décadas, baseados num acordo no qual o primeiro fornece petróleo e o segundo, segurança. Espera-se que Trump ofereça ao reino um pacote de armas no valor de mais de US$ 100 bilhões (R$ 567,5 bilhões), segundo a agência de notícias Reuters.
Logo depois de pousar, Trump deu um “soquinho” no ar ao avistar o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, também conhecido como MBS. Em seguida, foi apertar a mão do líder do país, que é filho do rei Salman bin Abdulaziz, mas é o governante de fato.
MBS tem se concentrado na diversificação da economia do reino, com um abrangente programa de reformas denominado Visão 2030, que inclui “gigaprojetos” como NEOM, uma cidade futurista do tamanho da Bélgica. Mas o reino precisou reduzir alguns de seus ambiciosos planos, devido ao aumento dos custos e à queda dos preços do petróleo.
Juntando-se a Trump para um almoço com MBS, estavam importantes empresários americanos, incluindo o bilionário Elon Musk, o chefe da Tesla e da SpaceX, e o CEO da OpenAI, Sam Altman. Enquanto isso, o fórum de investimentos em Riad contou com a presença de Larry Fink, CEO da Blackrock, Stephen A. Schwartzman, CEO da Blackstone, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o Ministro das Finanças saudita Mohammed Al Jadaan e Falih.
Questões regionais
Enquanto busca negócios no Oriente Médio, o governo Trump enfrenta pressão crescente para responder, de alguma forma, ao anúncio recente de Israel sobre uma tomada permanente do território de Gaza e a suspensão da ajuda humanitária. Washington vem instando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a concordar com um novo acordo de cessar-fogo, à medida que a frustração aumenta na Casa Branca com o fracasso em encerrar o conflito.
Além disso, no fim de semana, negociadores americanos e iranianos se encontraram em Omã para discutir um possível acordo para conter o programa nuclear de Teerã. Trump ameaçou uma ação militar contra a República Islâmica caso a diplomacia fracasse. Segundo a agência de notícias iraniana Nournews, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, afirmou nesta terça-feira que os vizinhos do Irã devem manter a neutralidade e que qualquer agressão levará a uma retaliação definitiva.
O enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse na semana passada que um avanço na expansão dos Acordos de Abraão seria iminente. O conjunto de tratados, mediados por Trump em seu primeiro mandato, normalizou as relações entre estados árabes, incluindo Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos, e Israel.
Mas analistas avaliam que a oposição de Netanyahu a um fim permanente da guerra em Gaza ou à criação de um Estado palestino torna improvável qualquer progresso em negociações semelhantes.