Trump começa a distribuir convites para sua posse; rival Xi e aliado Milei estão na lista
Estendidos ainda de maneira informal, convites a chefes de Estado de outros países para a inauguração de presidentes dos EUA são bastante incomuns
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, já começou a distribuir convites para sua cerimônia de posse, marcada para 20 de janeiro de 2025, a alguns líderes mundiais. A lista mistura chefes de Estado que não mantiveram boas relações com o país no passado recente, como o presidente da China, Xi Jinping, com aliados ferrenhos do republicano, a exemplo de Javier Milei, da Argentina.
Durante uma aparição na Bolsa de Valores de Nova York, na quinta-feira, 12, Trump afirmou que estava “pensando em convidar certas pessoas para a inauguração”, sem citar nenhum nome específico.
“E algumas pessoas disseram: ‘Uau, isso é um pouco arriscado, não é?’”, acrescentou ele. “E eu disse: ‘Talvez seja. Vamos ver. Vamos ver o que acontece.’ Mas nós gostamos de riscos.”
A nova secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, por sua vez, afirmou na quinta-feira à emissora americana Fox News que Trump já havia convidado Xi Jinping e outros líderes mundiais para participar de sua posse.
A presença de Xi, no entanto, “ainda não foi determinada” e fontes familiarizadas com o assunto, que conversaram com a emissora americana CNN, acreditam que o líder chinês não deve comparecer ao evento. A bandeira branca diplomática ocorre após uma série de ameaças de Trump de imposição de um tarifaço sobre produtos chineses assim que assumir o comando da Casa Branca.
De acordo com a equipe de transição do republicano, além de Xi, a lista de chefes de Estado já convocados inclui o ultraliberal Javier Milei, que já visitou o presidente eleito dos EUA na Flórida, a primeira-ministra de extrema direita da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, cujo polêmico expurgo de gangues criminosas atraiu denúncias de violações de direitos humanos — todos aliados próximos a Trump.
Movimento inesperado
Não é comum que presidentes de outros países participem da posse no Capitólio, sede do poder legislativo dos Estados Unidos. Na inauguração do atual mandatário, Joe Biden, por exemplo, estiveram presentes apenas ex-presidentes americanos, como Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Derrotado, Trump não compareceu ao evento, ao contrário do seu então vice, Mike Pence.
“Esse é um exemplo do presidente Trump criando um diálogo aberto com líderes de países que não são apenas aliados, mas nossos adversários e também nossos concorrentes”, disse à Fox News a porta-voz de Trump, Leavitt. “Vimos isso em seu primeiro mandato. Ele recebeu muitas críticas por isso, mas levou à paz a todo o mundo. Ele está disposto a conversar com qualquer um e sempre colocará os interesses da América em primeiro lugar.”
Uma das bandeiras da campanha republicana, que ressoou com os eleitores do partido, foi que o primeiro mandato de Trump não observou a profusão de conflitos que eclodiram ao longo dos últimos quatro anos de governo Biden. Apoiadores acreditam que a comunidade internacional nutria “medo” diante de um presidente americano supostamente mais forte.
Os convites para participar da posse presidencial têm sido feitos, por enquanto, de maneira informal — através de telefonemas a respeito de outros assuntos ou canais secretos, e não diretamente entre Trump e outros líderes.
Sobre a China, o atual porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que esse é “sem dúvidas” o relacionamento bilateral com maiores consequências e repercussões que os Estados Unidos têm no mundo. “É um relacionamento repleto de perigo e responsabilidade”, completou.