Trump ameaça resposta ‘bastante severa’ à Coreia do Norte
Presidente americano alertou o regime de Pyongyang, que lançou um novo míssil nesta semana, que seu comportamento tem 'consequências'
O presidente americano, Donald Trump, prometeu nesta quinta-feira uma resposta “bastante severa” à Coreia do Norte, após o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM), um dia depois de Estados Unidos e França solicitarem novas sanções contra Pyongyang.
“Peço a todas as nações que enfrentem esta ameaça global e demonstrem publicamente à Coreia do Norte que há consequências por seu comportamento muito, muito ruim”, declarou Trump durante uma visita a Varsóvia antes de participar da cúpula do G20 em Hamburgo. Washington estuda tomar medidas “bastante severas“, acrescentou, sem dar mais detalhes.
Horas depois, o seu secretário de Defesa, Jim Mattis, explicou que essas medidas seriam diplomáticas. “Estamos lidando com uma escalada militar muito séria, uma provocação, uma afronta às resoluções do Conselho de Segurança da ONU“, disse Mattis em Washington. “Continuamos na rota diplomática, envolvendo nossos aliados e nações amigas em todo o mundo”, completou.
Na quarta-feira, os Estados Unidos, com o apoio da França, anunciaram na ONU a intenção de propor novas sanções contra a Coreia do Norte, mas a Rússia bloqueou a iniciativa com o argumento que ainda não havia sido comprovado que o último lançamento feito foi de um míssil intercontinental. Os Estados Unidos e a ONU asseguram que o míssil Hwasong-14 era de alcance intercontinental e poderia atingir o Alasca. É uma clara e nítida escalada militar”, assegurou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.
Nesta quinta-feira, a União Europeia e o Japão também pediram a análise de novas sanções internacionais contra a Coreia do Norte, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. “Concordamos em apelar à comunidade internacional a reforçar as medidas que buscam restringir ainda mais a transferência de bens e tecnologia”, afirmou Tusk após se reunir em Bruxelas com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
De acordo com Frank Aum, ex-assessor sobre a Coreia do Norte do Departamento de Defesa americano, aumentar as sanções é a única opção realista para os Estados Unidos. “Não acredito que a administração Trump pense em nenhuma outra opção. Já não acreditam realmente nas negociações e pensam que devem aumentar a pressão, sobretudo na área financeira”, disse.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-In, reiterou a sua oferta anterior de manter diálogos com Kim Jong-Un apesar do teste de míssil, e acrescentou ser perigosa a falta de diálogo. “Quando as condições estiverem dadas, estarei pronto para me encontrar com o líder norte-coreano”, afirmou em Berlim. Moon também se mostrou partidário de “reagir com algo mais que uma mera declaração” e pediu o reforço das sanções, fiel a sua política de combinar medidas de coerção com esforços para que Pyongyang retorne à mesa de negociações.
Nos primeiros meses de seu mandato, Trump tentou pressionar a China a controlar as explosões nucleares de seu aliado norte-coreano, sem sucesso. No mais recente sinal de seu crescente atrito com o gigante asiático, Trump afirmou na quarta-feira no Twitter que a Chinaestá minando os esforços dos Estados Unidos e que aumentou o seu comércio com Pyongyang. Pequim respondeu indiretamente, ao defender nesta quinta-feira o uso de uma linguagem moderada por ambas as partes. “Também pedimos que as partes mantenham a calma (…) e se abstenham de palavras e atos que possam aumentar a tensão”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, à imprensa.
O Conselho de Segurança adotou no ano passado duas resoluções para aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte e impedir que seu líder tivesse acesso ao dinheiro necessário para financiar seus programas militares e em junho, com apoio da China, ampliou as restrições. Estas resoluções apontam diretamente para as exportações de carvão norte-coreano, fonte importante de receitas para o regime. No total, a ONU adotou seis pacotes de sanções contra a Pyongyang desde seu primeiro teste atômico, em 2006.
(com AFP)