Diante da ampla reação contrária a suas declarações contra mulheres congressistas de origem estrangeira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou à carga nesta segunda-feira, 15, com ataques ainda mais virulentos. Trump chamou as parlamentares de “bando de comunistas” e as acusou de serem “antissemitas” e antiamericanas. Seu agressividade foi dirigida especialmente para as deputadas Alexandria Ocasio-Cortez, de família porto-riquenha, Rashida Tlaib, de família palestina, Ilhan Omar, somali-americana, e a afro-americana Ayanna Pressley.
As reações contra os tuítes de Trump vieram inclusive de sua própria bancada republicana no Congresso. O senador Tim Scott advertiu Trump por ter se valido de “ataques pessoais inaceitáveis e usado linguagem racialmente ofensiva”. As declarações do presidente americano caíram mal fora das fronteiras dos Estados Unidos e receberam críticas do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e da primeira-ministra britânica, Theresa May.
Em entrevista à imprensa nesta segunda-feira, na Casa Branca, Trump negou que seus comentários pelo Twitter, fossem racistas e retomou os golpes contra as deputadas. “Aquelas são pessoas que odeiam nosso país”, afirmou. “Tudo o que estou dizendo é que, se não estão felizes aqui, elas podem ir embora. Elas podem ir, e você sabe que estou seguro que muita gente não vai sentir a falta delas. Elas amam odiar o nosso país”.
A retórica de Trump de “ame-o ou deixe-o” tem como raiz as posições críticas das quatro parlamentares do Partido Democrata contra uma série de políticas ultraconservadoras adotadas pelo presidente americano. Em especial, sobre a imigração. Seu governo iniciou no domingo 14 operações de busca de estrangeiros indocumentadores com a finalidade de deportá-los.
No domingo, o presidente americano havia escrito no Twitter que as deputadas “progressistas” vieram de países cujos governos são “uma completa e total catástrofe” e sugerira que elas voltassem para ajudar a consertar “os lugares totalmente quebrados e infestados com crime de onde vieram”. Todas elas, porém, são nascidas nos Estados Unidos.
Na manhã desta segunda-feira, Trump acusou “Ocasio-Cortez e sua patuleia” de fazer parte de um “bando de comunistas”. “Elas odeiam nosso próprio país, elas estão chamando os nossos agentes da Patrulha da Fronteira de guardas de Campo de Concentração, elas acusam pessoas que apoiam Israel de estarem fazendo isso pelos judeus”, escreveu ele às 10h58 (horário de Brasília).
Não contente, Trump escreveu outras três notas no Twitter para acusá-las de “antissemitismo”, “anti-americanismo”, de conduzir agenda política “nojenta”. “Elas falam de Israel como se (o país) fosse um bando de bandidas e não a vítima de uma região inteira”, insistiu.
Por fim, ele rebateu a promessa da deputada Rashida Tlaib, reiterada no sábado 13, de destituí-lo por impeachment. “Nós vamos para o impeachment do filho da mãe, não se preocupem”, dissera ela em discurso. “Elas queriam destituir por impeachment o Presidente Trump no primeiro dia. Façam delas o rosto do Partido Democrata no futuro, (e) vocês destruirão o Partido democrata. As políticas delas vão destruir nosso país.”
Resolução
Em sua fúria descontrola, Trump agrediu todos os que saíram em defesa das congressistas. Uma das vítimas foi a presidente da Câmara, deputada Nancy Pelosi, que embora seja um expoente do Partido Democrata está longe de manter total empatia com a causa das parlamentares de linha mais progressista.
Pelosi afirmara nesta manhã que colocaria em pauta a votação de uma resolução de rejeição oficial da Câmara aos tuítes “xenofóbicos e racistas” de Trump. O presidente, que está em franca campanha para sua reeleição em 2020, acusou Pelosi de ter sido racista ao mencionar que o lema presidencial era “Fazer a América Branca Grande de Novo”. “Isso é uma declaração muito racista. Estou surpreso que ela tenha dito isso”, ironizou o presidente dos Estados Unidos.