Tribunal de Moscou condena jornalista russo-americana a 8 anos de prisão
Julgamento ocorreu à revelia; Masha Gessen, que mora nos EUA, foi acusada de espalhar informações falsas sobre o massacre de Bucha, na Ucrânia
Um tribunal de Moscou condenou nesta segunda-feira, 15, Masha Gessen, jornalista com cidadania russo-americana, a cumprir uma pena de oito anos de prisão sob a acusação de espalhar informações falsas sobre o massacre de Bucha, no início da guerra na Ucrânia.
O processo criminal contra Gessen, que tem feito fortes críticas contra o presidente russo, Vladimir Putin, foi aberto em novembro do ano passado devido a uma entrevista realizada com o jornalista russo Yury Dud, onde ambos discutiram as atrocidades cometidas pelo exército russo em Bucha, cidade invadida pelas forças russas em 2022. A entrevista foi vista mais de 6,5 milhões de vezes no YouTube desde setembro de 2022.
Natural de Moscou, Gessen viveu na Rússia até 2013, quando o país aprovou uma legislação contra “propaganda” homossexual. Gessen, que escreve para a revista americana New Yorker e o jornal The New York Times, é uma pessoa não binária conhecida como “maior ativista dos direitos LGBT da Rússia”.
Em dezembro do ano passado, a polícia russa colocou o seu nome em uma lista online de procurados do Ministério do Interior. Apesar da condenação, Gessen dificilmente irá para a cadeia, a menos que viaje para um país que possua um tratado de extradição com Moscou.
Repressão russa
Logo após o início da invasão da Ucrânia, em 2022, a Rússia adotou uma lei que criminaliza qualquer expressão pública sobre a guerra que se oponha à narrativa do Kremlin, pela qual Gessen recebeu a sentença.
Desde a aprovação da legislação, 1.053 processos criminais contra manifestantes anti-guerra foram abertos na Rússia, de acordo com o grupo de direitos humanos OVD-Info, que monitora prisões políticas e fornece assistência jurídica.