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Trabalhistas conseguem maioria absoluta no Parlamento britânico

Vitório por uma ampla margem encerra 14 anos de governo do Partido Conservador. Keir Starmer deve ser nomeado o novo primeiro-ministro

Por Da Redação
Atualizado em 5 jul 2024, 06h35 - Publicado em 4 jul 2024, 18h08

Encerrando 14 anos de governo do Partido Conservador (centro-direita), o Partido Trabalhista (centro-esquerda) retornará ao poder no Reino Unido, após conquistar maioria absoluta no Parlamento britânico nas eleições desta quinta-feira, 4.

Na última atualização da contagem dos votos, os trabalhistas já haviam conquistado 412 assentos, bem mais do que os 326 necessários para governar com maioria absoluta. Com os números, Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, será o novo primeiro-ministro, substituindo Rishi Sunak, que viu seu partido minguar e ficar com 120 cadeiras.

Estimativas apontavam que até 64% dos 14 milhões de britânicos que optaram pelo Partido Conservador em 2019, quando o carismático Boris Johnson impôs uma fragorosa derrota aos adversários, agora poderiam votar nos trabalhistas. Nesse cenário, o Reino Unido caminha na contramão da virada para a ultradireita do resto da Europa, que tem visto ganhos da extrema direita.

O ganho da extrema-direita, na figura do Reform UK, foi de um assento para quatro. Dentro desse contexto, o eleitorado britânico simplesmente não suporta mais os conservadores e querem simplesmente pôr um fim às turbulências da gestão que teve cinco primeiros-ministros em oito anos. As pesquisas mostram que, para 73% dos britânicos, “é hora de mudar”.

Cenário desfavorável

Por que, em cenário tão desfavorável, Sunak resolveu antecipar as eleições programadas inicialmente para o fim do ano? Segundo especialistas, por desespero — se arrastasse a agonia, seu partido iria sangrar mais ainda.

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O primeiro-ministro aproveitou a volta da inflação ao aceitável patamar de 2% em maio (eram 11% em 2022, quando ele assumiu, a maior em quarenta anos) e a dificultosa aprovação de seu projeto anti-imigração, calcado na deportação de indesejáveis para Ruanda, para convocar uma eleição em que a derrota é certa, na esperança de se sair um pouco melhor do que indicam as pesquisas e evitar um vexame total.

A principal estratégia dos trabalhistas nesta eleição foi bater no Partido Conservador – o que não é muito difícil. O Serviço Nacional de Saúde, que já foi um orgulho britânico e passou por seguidos cortes de verba nos governos conservadores, 40% dos pacientes aguardam mais de quatro horas por atendimento nos prontos-socorros e a internação em hospitais pode levar até doze horas.

O Brexit, do qual a maioria dos apoiadores de 2016 hoje se arrepende, não trouxe o impulso esperado — pelo contrário, a economia estagnada reduz a produtividade a seu nível mais baixo desde a Revolução Industrial, a renda média dos britânicos é hoje 43% menor do que a dos americanos, a crise imobiliária faz com que o número de sem-teto no país seja o mais alto do mundo desenvolvido e o crescimento médio do PIB, do divórcio da União Europeia até 2025, deve ser de parco 0,8%.

Responsáveis maiores pelo declínio, os conservadores se dividiram e uma ala mais à direita vive em pé de guerra com os colegas mais tradicionais. As brigas internas paralisaram e derrubaram governos — foram cinco em oito anos.

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Uma vez no poder, os trabalhistas falam em trazer de volta o crescimento através de uma nova política industrial, marcada por subsídios e proteção contra a concorrência externa, mas não pretendem se desviar da austeridade em vigor e avisam que vão aumentar impostos — só garantem mesmo a manutenção do imposto de renda como está. “Starmer fez propostas realistas, semelhantes às dos conservadores”, disse Steven Fielding, professor de história política da Universidade de Nottingham, em entrevista a VEJA.

Quem é Keir Starmer

Socialista militante de 61 anos convertido em parlamentar pragmático, famoso por mudar de opinião conforme os interesses do momento (apelido: Camaleão), ele assumiu o comando dos trabalhistas em 2019 por ser o exato oposto do então líder Jeremy Corbyn, um ultraesquerdista frequentemente acusado de antissemitismo, que levou o partido a sua pior derrota eleitoral em oitenta anos.

Uma vez na liderança, Starmer tratou de expurgar as alas à esquerda, direcionou a sigla para o centro e abraçou bandeiras do outro lado particularmente caras ao eleitorado, como a repressão à imigração ilegal.

“Hoje, o Reino Unido pode começar um novo capítulo”, disse ele aos eleitores em comunicado na quinta-feira. “Não podemos permitir mais cinco anos sob o governo dos conservadores. Mas a mudança só acontecerá se votarmos no Partido Trabalhista.”

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