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Tarifaço de Trump começa amanhã; entenda impactos para o mundo

México e Canadá correm risco de recessão, enquanto efeito cascata preocupa economistas que preveem mais inflação e danos ao PIB mundial

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 fev 2025, 21h59 - Publicado em 31 jan 2025, 11h00

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou, na noite de quinta-feira 30, que passará a aplicar tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México a partir deste sábado, dia 1º de fevereiro. Segundo o republicano, ele ainda está pensando se taxará a importação de petróleo desses países.

Além disso, ele reiterou ameaças tarifárias de 100% sobre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) caso troquem o dólar por moedas locais nas transações internacionais. Ele também vem falando em taxar produtos da China em 10%, uma porcentagem que pode subir a 100%, caso a gigante da tecnologia chinesa Bytedance não venda o TikTok.

Economistas preveem consequências significativas para os países envolvidos na guerra tarifária, mas também para o mundo.

Crescimento fraco

A economia global deve ficar estagnada neste ano, prevê o Banco Mundial, com crescimento fraco de 2,7%, em parte porque impostos mais altos sobre importações afetam o comércio negativamente. “A escalada das tensões comerciais entre as principais economias” do mundo é um dos maiores temores do banco para a economia global em 2025.

O desempenho do PIB global deste ano, se a previsão for confirmada, seria o mais fraco desde 2019, além da forte contração vista no auge da pandemia de covid-19. Na década anterior à pandemia, a média de crescimento era de mais de 3% ao ano.

Segundo o Banco Mundial, um aumento de 10% nas tarifas dos Estados Unidos sobre todas as importações reduziria o crescimento econômico global em 0,2%, em um cenário em que não há retaliação. Se nações responderem na mesma moeda, como já sugeriram fazer – autoridades europeias já elaboram listas de impostos que podem impor a produtos americanos e a China provavelmente irá atrás de bens agrícolas, da soja ao milho –, a economia global poderia sofrer ainda mais.

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A perspectiva de impostos mais altos sobre exportações aos Estados Unidos preocupa líderes mundiais, porque vai ficar mais caro para empresas venderem seus produtos à maior economia – e maior importador – do mundo. China, México e Canadá respondem por cerca de 40% dos 3,2 trilhões de dólares em bens comprados por Washington por ano.

Impacto forte no México e no Canadá

Ambos os países são altamente dependentes do comércio com os americanos. As exportações para os Estados Unidos representam 27,4% do PIB mexicano e 20,6% do canadense. Tarifas dessa magnitude poderiam, portanto, desencadear uma recessão em ambos os países.

“Canadá e México podem perder 3,6% e 2% do PIB real, respectivamente”, disse à agência de notícias AFP Wendong Zhang, professor na Universidade Cornell.

Mas não está claro se pode haver exceções. Trump ainda não anunciou se incluirá petróleo bruto nas tarifas sobre o Canadá e o México, fontes de mais de 70% das importações do produto pelos Estados Unidos.

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Trump também chegou a dizer que a China pagaria tarifas pela exportação dos químicos usados ​​para fazer fentanil. Ele declarou anteriormente uma tarifa de 10%, que seria adicionada a outros impostos de importação cobrados sobre produtos vindos de Pequim. Mesmo sem a confirmação, o banco UBS já rebaixou sua previsão do crescimento chinês de 4,5% para apenas 4% em 2025.

Inflação nos EUA

No entanto, os Estados Unidos também devem ser severamente impactados. Embora apenas 11% dos gastos do consumidor sejam rastreados para produtos importados, uma parcela descomunal das importações americanas vem do Canadá e do México. Implementar tarifas de 25% aumentaria a média de impostos americanos em 5,8 pontos percentuais (assumindo nenhuma mudança nos fluxos comerciais), segundo Laurent Convent, economista do KCB Group.

Espera-se que empresas repassarão em grande parte os custos tarifários aos consumidores. Além disso, as tarifas diminuirão a concorrência dos produtores americanos, aumentando seu poder de precificação. O Fed provavelmente reagirá mantendo taxas de juros mais altas por mais tempo, para evitar a nova pressão inflacionária, o que pesará sobre o investimento.

As exportações dos Estados Unidos também devem sofrer um golpe. Não apenas empresas americanas serão prejudicadas por tarifas retaliatórias.

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Dito isso, o país não é altamente dependentes de exportações. E, dado o tamanho e a diversidade de sua economia, os Estados Unidos podem estar mais isolados do que a maioria dos países do mundo de uma guerra comercial global — isso, junto com os maiores rendimentos do Tesouro, ajuda a explicar a alta do dólar após a vitória de Trump.

Efeito cascata global

Embora a Europa pareça estar livre dessa primeira fase da guerra comercial, ainda é provável que seja afetada indiretamente. Estados Unidos, México e Canadá representam 31% da economia global, e portanto uma desaceleração lá provavelmente causará um efeito cascata em todo o mundo.

Em especial, a América do Norte é importante parceira comercial para a União Europeia, que deve ser impactada pela desaceleração do crescimento na região. Estados-membros como Irlanda, Bélgica, Holanda e Alemanha estão particularmente expostos.

As retaliações previstas, que também ocorreram durante o primeiro mandato de Trump, criariam quase um imposto global sobre o comércio, aumentando os riscos de inflação e fragilizando cadeias de suprimento.

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