Soldados ucranianos relatam problemas com serviço de internet de Elon Musk
Militares acusam Rússia de burlar sanções americanas para utilizar satélites da SpaceX, empresa do bilionário
Soldados ucranianos que atuam na linha de frente da guerra relataram nesta terça-feira, 26, problemas de conexão com a Starlink, empresa de internet de propriedade do bilionário Elon Musk, acusando a Rússia de burlar sanções dos Estados Unidos para utilizar o serviço. Atualmente, a Ucrânia depende da companhia para operar sua frota de drones de ataque.
Segundo os soldados, a velocidade de conexão da internet caiu nos últimos meses. As queixas coincidem com o aumento da utilização russa do serviço de internet por satélite, gerido pela SpaceX, de Musk, que também é proprietário da plataforma X, antigo Twitter. O Starlink é um sistema de satélites de baixo custo, atrelado a receptores terrestres, para acesso à internet.
Os militares, ouvidos pela rede americana CNN, acusam a Rússia de comprar dispositivos Starlink de outros países para conseguir utilizar a internet e contornar sanções americanas, o que afetaria a qualidade do serviço.
No início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Starlink proporcionou uma vantagem significativa na linha de frente para os militares da Ucrânia, permitindo que tropas compartilhassem ataques de drones em tempo real entre as unidades e se comunicassem em áreas onde o combate interrompeu serviços de telefonia.
“A conexão rompe o tempo todo, precisa ser reiniciada para começar a funcionar corretamente. Mas logo a velocidade começa a diminuir e a conexão é interrompida novamente. Traz complicações bastante desagradáveis”, disse um funcionário de comunicação que trabalha em Zaporizhzhia, região que a Rússia vem cercando e atacando nos últimos meses, à CNN.
De acordo com operadores de comunicação, o mesmo número de satélites Starlink atende agora o dobro de dispositivos e por isso a velocidade caiu. As autoridades da Ucrânia já alertaram sobre o uso da rede pelo lado russo no mês passado, afirmando que trabalhavam com SpaceX e Musk para reduzir o acesso de Moscou às unidades na linha de frente. No entanto, o assunto é tratado com certa discrição devido ao temperamento imprevisível do empresário.
À época, Musk respondeu que a empresa não fazia negócios com o governo russo e que o sistema não funcionaria na Rússia.
“Se a SpaceX obtiver conhecimento de que um terminal Starlink está sendo usado por uma parte sancionada ou não autorizada, investigaremos a reclamação e tomaremos medidas para desativar o terminal, se confirmado”, disse a empresa em comunicado.