Sobe para 31 o número de mortos em ataque israelense a abrigo em Gaza
Exército de Israel diz estar 'analisando' relatos de vítimas civis, mas confirmou bombardeio com 'munições de precisão'; outras 50 pessoas ficaram feridas
Um ataque aéreo israelense atingiu uma escola transformada em abrigo para refugiados em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na terça-feira 9. O bombardeio ocorre em um momento em que a intensificação da ofensiva militar de Israel, tanto no sul quanto no norte do enclave palestino, faz com que milhares de pessoas voltem a fugir em busca de refúgio. Nesta quarta-feira, 10, autoridades do hospital Nasser, próximo ao incidente, elevaram para 31 o número de mortos, incluindo oito crianças. Além disso, mais 50 ficaram feridos.
A emissora catari Al Jazeera transmitiu imagens mostrando crianças jogando futebol no pátio da escola, quando um estrondo repentino sacudiu a área, provocando gritos de “um ataque, um ataque”. A área atingida estava lotada naquele momento, segundo relatos à televisão britânica BBC. Uma das testemunhas relatou que havia cerca de 3 mil pessoas no abrigo.
Os militares israelenses comunicaram que estão analisando os relatos de que civis foram feridos. Porém, confirmaram que o incidente ocorreu quando atingiram com “munições precisas” um combatente do Hamas que participou do ataque a Israel, em 7 de outubro do ano passado, que levou à ofensiva israelense contra Gaza.
Ofensiva renovada
Outros ataques israelenses na manhã desta quarta-feira mataram pelo menos 20 palestinos. A agência de notícias Associated Press informou que 12 pessoas foram mortas no campo de refugiados de Nuseirat e oito numa casa em Deir al-Balah, uma área localizada dentro da “zona de segurança humanitária” – onde Israel orientou que os palestinos procurassem refúgio.
Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel (FDI) ordenaram que algumas áreas do sul de Gaza fossem completamente esvaziadas. Grande parte de Khan Younis foi destruída neste ano, mas muitos palestinos recorreram à cidade em ruínas para escapar de outra ofensiva no sul, em Rafah.
Segundo o braço político do grupo terrorista palestino Hamas, a renovada campanha de bombardeios israelenses matou mais de 60 palestinos só na terça-feira. O braço armado do grupo, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, descreveu os ataques como “os mais intensos em meses”.
Volta à Cidade de Gaza
Nesta semana, o Exército israelense também iniciou um novo ataque terrestre na Cidade de Gaza, no norte do enclave – o esforço mais recente para combater o reagrupamento do Hamas em áreas que Tel Aviv disse anteriormente terem sido desocupadas.
A organização humanitária Crescente Vermelho Palestino disse que recebeu dezenas de pedidos de socorro vindos da Cidade de Gaza. No entanto, não foi possível ajudar devido à intensidade dos bombardeios no local. Além disso, de acordo com o gabinete humanitário das Nações Unidas, “apenas 13 dos 36 hospitais de Gaza estão funcionando, e apenas parcialmente”.
“Pessoas fugiram em várias direções, sem saber qual caminho seria mais seguro”, disse a agência em comunicado.
Já as FDI disseram ter “eliminado” com sucesso na Cidade de Gaza alvos do Hamas e do grupo aliado Jihad Islâmica, que estariam usando a sede da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, a UNRWA, como base militar. A agência não controla o prédio desde outubro e, em fevereiro, as forças israelenses disseram ter achado um túnel do Hamas sob o local.
A UNRWA não fez comentários imediatos sobre o ataque, mas disse que “não tem como verificar” as alegações de que as suas instalações estão sendo utilizadas pelo Hamas.