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Sob cenário de indefinição, americanos vão às urnas nesta terça para definir próximo presidente

Do lado democrata, vice-presidente Kamala Harris aparece com 49% das intenções de voto; do republicano, ex-presidente Donald Trump soma 48%

Por Paula Freitas Atualizado em 5 nov 2024, 12h59 - Publicado em 5 nov 2024, 06h00

Mais de 244 milhões de americanos irão às urnas nesta terça-feira, 5, para eleger o próximo presidente numa das eleições mais acirradas da história moderna dos Estados Unidos. O cenário, por lá, é de polarização nos mais altos termos: do lado democrata, a vice-presidente Kamala Harris aparece com 49% das intenções de voto; no republicano, o ex-presidente Donald Trump soma 48%, um empate técnico, como aferiu uma média de pesquisas nacionais do jornal americano The New York Times. A Casa Branca vê-se diante de um futuro tão rachado quanto indefinido.

Trata-se de um país dividido em dois. Assim como visto mundo afora, uma onda de conservadorismo paira pelos Estados Unidos — e se faz sentir em questões desde a economia até os direitos reprodutivos. Em 2022, a maioria conservadora da Suprema Corte, que inclui três indicados por Trump, reverteu a famosa decisão judicial Roe vs Wade, que garantia proteções constitucionais para o aborto legal há quase 50 anos. A anulação, condenada pelos progressistas e exaltada pelos conservadores, tornou-se um dos motes de campanha de Kamala.

+ Guia das eleições nos EUA: o que você precisa saber sobre a disputa entre Kamala e Trump

Imigrantes ilegais, que chegam aos montes pela fronteira com o México, também entraram no circuito das críticas da extrema direita, encabeçada por Trump. Eis o surgimento de uma das maiores fake news da corrida eleitoral: imigrantes haitianos estariam comendo animais de estimação em Ohio. Boato este que foi exaustivamente compartilhado por usuários ultradireitistas nas redes sociais, levantando debates sobre racismo. O republicano não parou por aí e alegou ao longo da campanha que democratas deixam fugitivos de manicômios e criminosos entrarem no país.

A economia não passou ilesa das discussões polarizadas. O índice inflacionário de preços de despesas de consumo pessoal, divulgado pelo Sistema de Reserva Federal dos EUA (FED) no final de outubro, mostrou que os preços subiram 2,1% em setembro. Trata-se de uma redução comparada à agosto, quando eram 2,4%. Empresas contrataram 233.000 novos funcionários em outubro, o maior número em mais de um ano. O PIB, por sua vez, cresceu 2,8% no terceiro trimestre, embora otimistas esperassem 3%.

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+ ‘Swing states’, ‘delegados’ e mais: veja glossário para entender eleições nos EUA

Mas a sensação de melhora econômica não parece ter sido sentida pela população. Mais de quatro em cada dez americanos entrevistados disseram à plataforma You.Gov que acreditam que o “colapso econômico total” é “um tanto provável” ou “muito provável”, mostrou uma pesquisa de outubro. Mais da metade deles destacou que o país ficou “muito mais dividido” nos últimos cinco anos, em referência à polarização.

Futuro imprevisível

Para lidar com a insatisfação, Kamala e Trump têm colocado todas as cartas à mesa e batalhado pelos sete estados-pêndulo (swing states, em inglês) — Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte, onde as preferências partidárias se alternam e cujos Colégios Eleitorais, por conta disso, definirão a eleição.

A democrata tem apostado em defender o direito ao aborto, destacar a ameaça de Trump à democracia e atrair a classe média, incluindo corte de impostos “que beneficiaria mais de 100 milhões de americanos”. Ela procura, sobretudo, mostrar-se como uma candidata mais confiável e ponderada do que o rival, conhecido pela imprevisibilidade.

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+ Kamala x Trump: Veja cronograma da eleição presidencial nos EUA, hora a hora

No debate, Kamala tentou não cair nas armadilhas do republicano, como fez o presidente Joe Biden antes de abandonar a corrida, e procurou capturar a atenção do telespectador — por vezes, falava diretamente com os eleitores ao olhar para a câmera. Trump, em contrapartida, quer se colocar como uma figura que rompe o status quo, que salvará a economia e bloqueará a torrente imigratória ao expulsar milhares de indocumentados e aumentar o financiamento da segurança para a fronteira, ao custo da ajuda externa enviada a países como Ucrânia e Israel.

Ao contrário do Brasil, vencer a maioria do voto popular, em nível nacional, não garante a vitória nos EUA. O candidato precisa conquistar a maioria no Colégio Eleitoral, composto de 538 delegados — cada estado detém um número de “delegados” proporcional à população. Ganha, portanto, quem arrematar 270 ou mais. A ver quem sairá triunfante na duríssima queda de braço pela Casa Branca. O futuro americano, de qualquer forma, mostrará rachaduras de um país marcado por desavenças, entranhadas e difíceis de serem desfeitas.

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