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Sob aumento da violência, Equador vai às urnas em disputa entre esquerda e direita

Últimas sondagens mostraram que candidatos estão tecnicamente empatados, separados por apenas quatro décimos de ponto

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 abr 2025, 12h54 - Publicado em 11 abr 2025, 12h30

Os equatorianos irão às urnas neste domingo, 13, para o segundo turno de uma eleição acirrada e polarizada, fenômeno testemunhado mundo afora. No pleito, o presidente de direita, Daniel Noboa, enfrenta a esquerdista Luisa González, herdeira política do ex-presidente Rafael Correa. As últimas sondagens mostraram que os candidatos estão tecnicamente empatados, separados por apenas quatro décimos de ponto, com Noboa à frente. O cenário não mudou em relação ao primeiro turno, quando o governante terminou em primeiro lugar por 16 mil votos.

Na quinta-feira, 10, os dois se dirigiam à população para tentar convencer eleitores ainda indecisos em Guayaquil, reduto que concentra 3,2 milhões de votos e, portanto, pode definir o vencedor. No palanque do evento de encerramento de campanha, González bradou à multidão que participava do comício: “Não estou fazendo isso sozinho, estou fazendo isso juntos”. Das coxias, despontou Guillermo Churuchumbi, coordenador nacional da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), principal movimento social do país.

A memória dos tempos de Correrismo ainda assombram os povos originários, alvo de leis que restringiam o acesso à água e facilitavam a expansão da mineração em territórios ancestrais. O ex-presidente, além disso, criminalizou protestos, deixando-os de mãos atadas apesar da resistência. A presença de Churuchumbi, no entanto, buscava mandar um recado: firmar os 25 compromissos indígenas que González deve cumprir caso chegue ao poder. Ela também tratou sobre o passado espinhoso de seu aliado, afirmando que “o ódio e o confronto acabaram” e que “esta unidade visa traçar um roteiro que levará o Equador ao desenvolvimento”.

Também em Guayaquil, Noboa realizou um comício em uma arena. Ou seja, adotou uma estratégia diferente em relação à rival, que foi às ruas. No evento, apoiadores chegaram com uma réplica de papelão do candidato, símbolo da influência do ultradireitista desde as eleições de 2023. Noboa não ignorou a homenagem e disse, sem tom de ironia, que “o recorte de papelão acabou tendo alma; é o espírito de luta de todos os equatorianos”. Ele também afirmou que a população terá de escolher entre “o socialismo ou a liberdade”, o que definiu como “avançar ou recuar”, e apelou: “Vejam a situação dos nossos irmãos e irmãs venezuelanos”, em referência ao regime de Nicolás Maduro.

Noboa não estava sozinho no palco. Ele estava acompanhado de seus principais aliados políticos, incluindo vários de seus representantes eleitos. Ao seu lado estava sua mãe, Anabella Azín, a legisladora mais votada do país e possível futura presidente do Congresso. Se as pesquisas os favorecerem no domingo, os Noboa-Azíns concentrarão, de fato, os principais poderes do Estado: o Executivo e o Legislativo.

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Violência e fraude

Em meio às pesquisas apertadas, os dois candidatos relataram receios de fraude — como, segundo a oposição venezuelana, ocorreu em Caracas, onde não houve divulgação das atas eleitorais e Maduro declarou vitória. González disse que era preciso “cuidar do nosso voto nas urnas”, acusando o adversário: “A Sra. Diana Atamaint, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), é uma gerente de campanha perfeita para Daniel Noboa. Ele dá ordens e ela obedece”. Assim como a rival, Noboa demonstrou preocupação ao longo da corrida.

Em fevereiro, o presidente, que acumulou uma fortuna e capital político a partir de um império de exportação de bananas, sugeriu que facções criminosas atuaram para influenciar o primeiro turno, sem citar nomes ou provas. Ele aumentou as críticas à esquerdista e alegou que gangues ameaçaram cidadãos para garantir votos em González.

A violência também eclipsa o pleito, com a insegurança sendo a principal reclamação dos eleitores. Em dezembro, a Polícia Nacional encontrou um carro-bomba nos arredores do bairro de El Oro, onde Noboa faria um comício. Por sua vez, González disse ter sido vítima de ameaças de morte, o que levou as Forças Armadas do Equador a assumirem sua segurança. Segundo o boletim Think Global Health, do think tank americano Council on Foreign Relations, sete em cada dez equatorianos temem sair à noite.

Além disso, o país ocupa a pior posição no Índice de Lei e Ordem da empresa de pesquisa de opinião Gallup, que mede a percepção de segurança em 140 nações. Ao que tudo indica, o Equador não conseguirá escapar do destino dos seus vizinhos sul-americanos e terá uma eleição sob as sombras da instabilidade, desconfiança e incerteza. Mais nublado ainda é o horizonte para o novo mandatário, que precisará lidar com um país rachado em dois.

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