Sisi toma posse como presidente do Egito
Juramento foi prestado no Supremo Tribunal Constitucional, ao sul do Cairo
O ex-chefe do Exército Abdel Fatah Sisi tomou posse e prestou juramento neste domingo como presidente do Egito, assumindo um mandato de quatro anos à frente de uma nação profundamente dividida e que vem enfrentando violentas manifestações e uma grave crise econômica desde a revolta de 2011. A posse de Sisi acontece um ano após o oficial de infantaria de 59 anos depor o primeiro presidente eleito do país, Mohammed Morsi, na esteira dos protestos que exigiam a renúncia do líder islâmico. Morsi agora está sendo julgado por acusações que podem levá-lo a ser condenado à pena de morte.
Por ocasião da posse, policiais e soldados foram mobilizados em toda a cidade do Cairo. Após chegar de helicóptero ao Supremo Tribunal Constitucional, ao sul da cidade, Sisi entrou no salão da cerimônia ao lado do presidente interino, Adly Mansour. Mansour vai retomar o cargo de presidente da corte, após passar quase um ano na presidência.
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O prédio do tribunal, que foi projetado para se assemelhar a um antigo templo egípcio, é próximo de um hospital militar onde está detido o ex-ditador deposto Hosni Mubarak. Afastado do poder pela revolta de 2011, após quase 30 anos como presidente do Egito, Mubarak foi condenado no mês passado a três anos de prisão por corrupção. Ele também está sendo submetido a um novo julgamento por não ter conseguido conter o massacre de centenas de manifestantes durante os confrontos.
Do lado de fora do prédio, cerca de 100 simpatizantes de Sisi agitavam bandeiras do Egito e carregavam pôsteres do novo presidente. Sisi é o oitavo presidente do Egito desde a queda da monarquia, em 1953. Com a exceção de Morsi e de dois civis que serviram interinamente, todos os demais presidentes egípcios vieram das Forças Armadas.
Dezenas de autoridades locais e estrangeiras assistiram à cerimônia de posse, incluindo os reis da Jordânia e Bahrein, o emir do Kuwait e os príncipes herdeiros da Arábia Saudita e Abu Dabi, que faz parte dos Emirados Árabes Unidos. As cinco nações árabes apoiaram o afastamento de Morsi e, desde então, os governos saudita, kuwaitiano e dos Emirados Árabes Unidos têm fornecido bilhões de dólares ao Cairo para ajudar na recuperação financeira do Egito.
Sisi teve uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais realizadas no mês passado, conquistando quase 97% dos votos. O índice de comparecimento dos eleitores às urnas foi de 47,45%.
“Farol do Islã” – Em um breve discurso no palácio presidencial de Itihadiya, Sisi afirmou que trabalhará para que o Egito “recupere seu papel de liderança regional e internacional para compensar o que perdemos e corrigir o que erramos”. “Tenho a intenção de iniciar uma etapa de construção para que o país se levante”, discursou. Embora quase não tenha feito alusão aos desafios de segurança que o país enfrenta, Sisi disse que o Egito é “o farol do Islã moderado e rejeita a violência e o terrorismo”.
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(com agências Associated Press, EFE e Estadão Conteúdo)