Síria culpa ‘grupos armados’ por massacre e critica ONU
General afirma que forças de segurança estavam fora de Hula na ocasião
O regime de Damasco acusou nesta quinta-feira os “grupos armados” de promover o massacre de Hula, onde morreram na última sexta-feira mais de 100 pessoas, além de criticar o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pelo alerta sobre o risco de uma guerra civil.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
Leia mais no Tema ‘Guerra Civil na Síria’
Em entrevista coletiva em Damasco para apresentar o relatório da comissão de investigação do confronto, o general Qasem Jamal Suleiman rejeitou as acusações da oposição de que os civis foram assassinados pelas tropas do regime e suas milícias.
“A posição das forças de segurança estava fora do local do massacre”, garantiu Suleiman, chefe da comissão de investigação.
O general falou, ainda, que um grupo de 600 a 800 homens armados atacaram um posto de controle com o objetivo de dominar o local e atacar a família de um parlamentar. “A maioria dos mortos era formada por famílias pacíficas que não queriam se unir aos atos dos rebeldes”, disse.
No massacre, que segundo a ONU é de responsabilidade do regime e das milícias pró-governo, morreram 108 pessoas, sendo 34 mulheres e 49 crianças.
Leia também:
Leia também: Exército sírio ataca Hula: novos confrontos matam 62
Críticas – Enquanto isso, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Jihad Maqdisi, criticou Ban Ki-moon por afirmar que, na Síria, há um conflito entre um povo e um regime no poder. “Infelizmente, o secretário-geral da ONU mudou sua missão de manter a paz e a segurança no mundo ao prever guerras civis”, disse Maqdisi.
O porta-voz negou ainda qualquer participação do regime no massacre, condenado por toda a comunidade internacional e que motivou a expulsão dos embaixadores sírios das principais potências ocidentais. Maqdisi também prometeu julgar os agressores por “incitar à violência confessional”.
Para o porta-voz, o Exército sírio não pode estar envolvido no fato exposto, pois prejudica Damasco e reforça o argumento dos grupos da oposição de que é necessária uma intervenção militar internacional.
Maqdisi expressou o compromisso das autoridades com o plano de paz do mediador internacional, Kofi Annan, e denunciou que algumas partes regionais e da oposição não querem que a iniciativa tenha êxito.
Apesar de tanto o regime como a oposição terem aceitado o plano de Annan e o cessar-fogo, que entrou em vigor em 12 de abril, a violência persiste na Síria. Desde o início da revolta contra o regime de Bashar Assad, em março de 2011, 10 mil pessoas já foram mortas, segundo dados da ONU.
(Com agência EFE)