Sindicatos e argentinos no Rio e SP aderem à greve contra agenda de Milei
Protestos contra agenda ultraliberal do governo vizinho também ocorreram em Porto Alegre e Brasília

No Rio de Janeiro, dezenas de pessoas aderiram à greve geral desta quarta-feira, 24, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina. A paralisação com protesto teve início às 14h, em frente ao prédio que abriga o Consulado da Argentina no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo. Manifestações contra a agenda ultraliberal do governo de Javier Milei também ocorreram em frente aos consulados argentinos em São Paulo e Porto Alegre, além da embaixada em Brasília.
“Se os trabalhadores da Argentina conseguem derrotar um plano ultraliberal como o em curso, é um exemplo para os trabalhadores de outros lugares do mundo para como enfrentar ajustes que favorecem os empresários em detrimento do povo e para nós, aqui no Brasil, um exemplo de como enfrentar a extrema-direita”, disse o petroleiro Leandro Lanfredi, do Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT).

“O processo democrático argentino passa, hoje, pelo mesmo processo enfrentado pelos brasileiros. É um pacote antidemocrático, que retira os direitos dos trabalhadores e da população argentina. Esta greve é importante para marcar uma posição clara dos argentinos contra o pacote do Milei”, acrescentou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações, Luis Antonio Silva.
Argentinos no Brasil
Um levantamento do Observatório de Migrações Internacionais, divulgado em 2023, indicou que mais de 50 mil argentinos escolheram o Brasil como seu lar. Eles também ocupam um importante papel no turismo: entre janeiro e abril do ano passado, cerca 1,18 milhão de hermanos visitaram as terras brasileiras.
Embora a relação entre Milei e Lula não seja uma das melhores – durante a corrida presidencial, o líder da Casa Rosada chamou o petista de “ladrão” e “comunista” –, a demonstração de solidariedade dos cariocas foi bem recebida por argentinos. Ariadna Rales, de 28, está de passagem pelo Brasil e aproveitou a estadia para participar do ato.
“O governo de extrema-direita de Javier Milei está querendo aplicar um plano de choque, de muitíssimos ataques para o povo trabalhador da Argentina, e a extrema-direita mundial está vendo isso, se Milei consegue passar esses ajustes que querem acabar com 150 anos de conquistas do povo trabalhador argentino”, disse a profissional de saúde, associada ao Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS).
“Essas manifestações e a greve geral de hoje são muito importantes para barrar esses ataques e armar um plano de luta com outros protestos e paralisações até que caiam o DNU, a lei Omnibus e qualquer ataque ao povo trabalhador, às mulheres e à juventude”, concluiu.

‘Megadecreto’ e ‘lei Omnibus’
A greve desta quarta-feira se opõe ao Decreto Nacional de Urgência (DNU), de 366 artigos, e à lei Omnibus, de 523 – no início, eram 664 artigos, mas 141 deles foram excluídos por Milei, após pressão. O primeiro já está em vigor, mas teve a parte de reforma trabalhista bloqueada pela Justiça.
“A importância da adesão brasileira está na visibilidade [à realidade] argentina, para que seja possível mais pessoas conhecerem as implicações e os efeitos das medidas que o governo [Milei] está tomando. E manifestar a oposição contra a DNU e a lei Omnibus, que arrasam os direitos da população”, opina a psicóloga argentina Melina Adiliberti, de 34 anos, que está no Brasil há quatros meses por uma oportunidade temporária.