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Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana

Senado argentino dá revés a Milei com projeto para reduzir poder de governar por decretos

Medida, que ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados, expõe fraquezas do presidente da Argentina no legislativo

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 set 2025, 13h25

O Senado da Argentina aprovou, na madrugada desta sexta-feira, 5, um projeto de lei que impõe limites a capacidade do poder executivo de governar por decretos, ao impor regras mais restritivas sobre os chamados Decretos de Necessidade e Urgência (DNUs). Se trata de um revés para o presidente Javier Milei, que, para contornar a falta de apoio no Congresso, tem feito uso desse instrumento para impor as agressivas reformas e cortes de gastos de seu plano econômico ultraliberal.

O projeto passou com o placar de 56 votos a oito, com duas abstenções, obtendo amplo apoio da oposição, incluindo o kirchnerismo. O partido Liberdade Avança, de Milei, foi o principal bloco contra a reforma, juntamente com alguns membros do PRO, a legenda do ex-presidente Mauricio Macri que tem se alinhado ao atual governo desde 2023.

Agora, o texto vai ser votado na Câmara dos Deputados, onde o partido governista deve tentar bloquear a reforma ou modificar alguns de seus aspectos. No entanto, com apoio majoritário em ambas as casas, o projeto provavelmente vai avançar. Se aprovado, marcará uma mudança significativa no equilíbrio de poder entre o Executivo e o Congresso, limitando o uso de DNUs como ferramenta para governar sem aprovação legislativa e expondo a fragilidade parlamentar de Milei.

O que está à mesa

O projeto de lei altera a legislação vigente sobre DNUs, exigindo que o Executivo obtenha a ratificação de ambas as casas legislativas (Senado e Câmara) em até 90 dias. Caso não sejam aprovados, os decretos serão automaticamente revogados. Atualmente, eles permanecem em vigor se não forem rejeitadas pelo Congresso dentro de um prazo determinado, o que é conhecido como “sanción fictta” (sanção fictícia).

Além disso, o texto estabelece que os DNUs devem abordar uma única questão específica, evitando os chamados “decretos coletivos”, como o DNU 70/23 emitido pelo governo Milei em dezembro de 2023.

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Conhecido como Lei de Bases, ele era essencialmente um pacote de medidas para reduzir a presença do Estado na economia, sanear as contas públicas e ampliar os poderes do Executivo. Apesar de ajustes — o presidente queria poder governar por decreto em onze áreas durante três anos —, o que sobrou não foi pouco na direção de reconfigurar o Estado: ficaram quatro (economia, finanças, administração e energia) com validade de um ano, que acaba de expirar, em julho.

Abusos de poder

Governadores e a oposição promoveram essa reforma como resposta ao uso intensivo de DNUs durante o governo Milei, acusando-o de abuso do poder executivo ao governar sem supervisão legislativa.

Pablo Blanco, senador do partido União Cívica Radical (UCR) pela província de Terra do Fogo, enfatizou que o projeto de lei busca “acabar com o terrível hábito de governos usarem e abusarem das DNUs”, não apenas na atual gestão. Para muitos, como a peronista Florencia López, do Partido Justicialista de Cristina Kirchner, esses decretos ameaçam a separação de poderes e a democracia, representando uma violação dos poderes do Congresso. É uma mudança e tanto: a bancada kirchnerista anteriormente defendia a lei de 2006 que autorizou o DNU, mas agora fala que permite “violações constitucionais”.

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A Liberdade Avança e algumas siglas aliadas da Casa Rosada consideram o projeto de lei uma tentativa de desestabilizar Milei. Carmen Álvarez Rivero, do PRO, acusou a oposição de hipocrisia, já que o atual presidente segue as regras estabelecidas durante a gestão de Néstor Kirchner. Membros da sigla de Milei também argumentaram que DNUs foram usados por todos os líderes argentinos no passado sem questionamentos.

Vulnerabilidade política no Congresso

Se a reforma for aprovada na Câmara, terá um impacto direto na capacidade do governo de Milei de governar por meio de decretos. Como minoria em ambas as casas legislativas, o governo enfrentará sérias dificuldades para aprovar DNUs sem apoio. Isso pode reduzir sua capacidade de implementar medidas rapidamente e forçá-lo a costurar acordos políticos justamente com as “elites políticas” que tanto criticou durante a campanha eleitoral.

Isso tinha cara de que iria mudar quando, em 26 de outubro, todos os argentinos irão às urnas para renovar partes das duas casas legislativas nacionais. O partido Liberdade Avança está em primeiro nas pesquisas, com cerca de 40% das intenções de voto e margem de quase 10 pontos percentuais em relação aos peronistas da oposição, em segundo lugar. Mas um escândalo de corrupção sobre compra de medicamentos que envolveu denúncias à irmã do presidente, Karina Milei, arrastou a Casa Rosada para uma turbulência política nada favorável às vésperas de eleições.

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