Senado americano aprova início do debate formal sobre o Obamacare
Resultado dá fôlego ao presidente americano, mas está longe de ser uma vitória significativa
Senadores republicanos dos Estados Unidos concordaram nesta terça-feira em iniciar debates sobre um projeto de lei para acabar com o Obamacare, mas os esforços de sete anos do partido para reverter a lei de saúde assinada pelo ex-presidente democrata Barack Obama ainda enfrentam obstáculos significativos. O Senado rachou, com 50 votos 50 a favor e 50 contra o prosseguimento da discussão sobre assistência médica, o que forçou o vice-presidente americano, Mike Pence, a dar o voto de desempate.
O senador John McCain, que foi diagnosticado neste mês com câncer no cérebro e tem se recuperado de uma cirurgia em sua casa no Arizona, fez um dramático retorno ao Capitólio dos Estados Unidos para dar um voto crucial a favor do processo.
O resultado foi um grande alívio para o presidente Donald Trump, que havia pressionado seus colegas republicanos para cumprir as promessas de campanha do partido de revogar o Ato de Cuidados Acessíveis de 2010, conhecido popularmente como Obamacare. Minutos após a votação, Trump a chamou de “um grande passo”. Mas a vitória acirrada em uma simples questão procedimental levantou dúvidas sobre a capacidade dos republicanos de reunir os votos necessários para passar qualquer uma das várias abordagens para revogação. A ala moderada do partido está preocupada que a revogação irá tirar os seguros de norte-americanos de baixa renda e os conservadores criticam que os projetos de lei propostos não vão longe o suficiente para cortar o Obamacare.
McCain recebeu aplausos de seus colegas senadores ao entrar no plenário para votar a favor de iniciar os debates. Após a votação, ele criticou o crescente partidarismo no Senado e insistiu que membros aprendam a “confiar uns nos outros novamente”. “Sei que muitos de vocês terão que ver o projeto substancialmente alterado para apoiá-lo”, disse McCain, que afirmou que não votaria no projeto de lei de assistência médica “como está hoje”.
Os democratas estavam unidos em oposição à moção para prosseguimento e as senadoras Susan Collins e Lisa Murkowski foram as únicas republicanas opostas à medida. Com republicanos controlando o Senado por maioria de 52 assentos a 48, estes eram os únicos votos que a liderança do partido podia perder.
O senador republicano Ron Johnson, que deu o último e decisivo voto para iniciar debates, se envolveu em uma discussão acalorada com o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, antes de dar seu voto e encerrar o suspense. “Nós temos um dever de agir”, disse McConnell a senadores antes da votação, lembrando republicanos que haviam prometido revogar o Obamacare em quatro eleições seguidas. “Não podemos deixar este momento escapar”.
À medida que a votação teve início, mais de duas dúzias de manifestantes no plenário do Senado gritaram “matem o projeto” antes de serem removidos. Uma derrota nesta terça-feira poderia ter sido um golpe final aos esforços republicanos de revogar o Obamacare, assim como ter colocado dúvidas sobre perspectivas de Trump de alcançar quaisquer outros itens importantes de sua agenda legislativa, incluindo reforma fiscal.
O Senado agora irá iniciar o que McConnell prometeu ser um robusto debate sobre assistência médica, que irá incluir uma variedade de alterações.
(com Reuters)