Seguro viagem passa a ser obrigatório para brasileiros na Argentina; entenda como funciona
Segundo o governo Milei, medida visa reduzir os gastos elevados com o atendimento médico a estrangeiros no país

O decreto para endurecer as regras de imigração na Argentina, anunciado pelo presidente Javier Milei nesta quarta-feira, 14, impacta diretamente os brasileiros que desejam visitar o país vizinho.
Com as novas regras, que devem entrar em vigor nos próximos dias, todos os turistas serão obrigados a contratar um seguro de saúde para entrar na Argentina, assim como já é pedido por diversos países da União Europeia. As autoridades alfandegárias verificam a documentação antes de autorizar a entrada no país.
O governo não divulgou os valores da contratação do seguro, mas seguradoras já oferecem pacotes adaptados, com preços variando entre R$ 50 e R$ 200 por semana, dependendo da idade e da duração da viagem.
A medida tem como objetivo, segundo o governo, preservar a viabilidade do sistema público de saúde e reduzir os gastos elevados com o atendimento médico a estrangeiros. Em 2024, os custos com esse tipo de atendimento ultrapassaram os 114 bilhões de pesos (cerca de R$ 57 milhões), de acordo com dados oficiais.
Demais medidas
Além do seguro saúde para turistas, as mudanças afetam também aqueles que residem na Argentina, que, a partir de agora, precisarão pagar para ter acesso ao sistema de saúde público e às universidades que optarem por cobrar mensalidades para estrangeiros. Segundo um levantamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em 2023, mais de 90 mil brasileiros viviam no país vizinho.
“Juan Bautista Alberdi afirmava que ‘governar é povoar’, e a Argentina, desde suas origens, sempre foi um país aberto ao mundo. No entanto, isso não pode significar que os pagadores de impostos devam sofrer as consequências de estrangeiros que entram unicamente para fazer uso e abuso de recursos que não lhes pertencem, como os chamados ‘turismos sanitários’. Muito menos, que devam tolerar os que vêm delinquir”, disse o gabinete de Milei em um comunicado.
Além disso, o processo para obter a cidadania argentina também mudou. A cidadania agora será concedida apenas a pessoas que tiverem residido de forma contínua no país por pelo menos dois anos ou tenham realizado um investimento “relevante” na Argentina.
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As restrições, segundo uma nota oficial do governo, procuram “garantir que o dinheiro dos pagadores de impostos seja utilizado neles”.
Apesar da Argentina continuar atraindo turistas brasileiros, o país já não é mais o destino barato que havia se tornado nos últimos anos. A combinação entre a desvalorização do real e a inflação argentina tem afetado diretamente os custos para visitantes, e as novas regras de Milei devem agravar o cenário.