Saiba quem são os prisioneiros soltos na troca entre a Rússia e o Ocidente
16 norte-americanos foram libertados em troca de oito russos detidos nos EUA, Noruega, Alemanha, Polônia e Eslovênia
Na maior troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria, 24 pessoas foram soltas na quinta-feira, 26, em uma operação mediada pela Turquia.
A Casa Branca afirmou que 16 prisioneiros norte-americanos foram libertados em troca de oito prisioneiros russos detidos nos EUA, Noruega, Alemanha, Polônia e Eslovênia.
Parte dos prisioneiros desembarcaram em seus países de origem entre a noite de quinta-feira, 1°, e a madrugada de sexta-feira, 2. Nos EUA, o jornalista do The Wall Street Journal, Evan Gershkovich, o ex-fuzileiro naval e Paul Whelan e a jornalista Alsu Kurmasheva foram recebidos pelo presidente Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, na base aérea militar Andrews, perto de Washington, nesta quinta-feira, 1°.
Já os prisioneiros russos desembarcaram no aeroporto Vnukovo, em Moscou, e foram recebidos pelo presidente Vladimir Putin. O Kremlin agradeceu “aos líderes de todos os países que ajudaram a preparar o intercâmbio”.
Evan Gershkovich
O jornalista norte-americano do The Wall Street Journal (WSJ) foi condenado a 16 anos de prisão no mês passado após ser acusado de trabalhar para a Agência Central de Inteligência (CIA).
Gershkovich, de 32 anos, estava preso desde março do ano passado, quando realizou uma viagem à trabalho para a cidade de Ecaterimburgo, a leste de Moscou. Seu caso marcou a primeira condenação de um jornalista americano por espionagem na Rússia desde que a Guerra Fria terminou, há mais de 30 anos.
Após ser detido, ele foi transferido para a prisão de Lefortovo, em Moscou, que é gerida pelo serviço de segurança russo, o FSB, e mantém prisioneiros de alto valor. Os EUA denunciaram que a condenação de Gershkovich tinha motivações políticas.
Paul Whelan
O ex-fuzileiro naval dos EUA de 54 anos foi condenado a 16 anos de prisão em 2020 após ser detido em Moscou dois anos antes por suspeita de espionagem.
Whelan é cidadão de quatro países – EUA, Canadá, Reino Unido e Irlanda – e foi preso em 2018 pela agência de segurança estatal da Rússia FSB, que alegou que ele havia sido “pego espionando” na capital russa. Sua família nega as acusações contra ele e os EUA já haviam afirmado que Whelan foi “detido injusamente”.
Nascido no Canadá, Whelan se mudou para os EUA quando criança e, em 1994, se juntou às Reservas do Corpo de Fuzileiros Navais. No entanto, ele foi dispensado dos fuzileiros navais por má conduta em 2008.
Alsu Kurmasheva
A jornalista russo-americana foi condenada à seis anos e meio de prisão no mesmo dia que Gershkovich. Ela foi detida em junho de 2023 enquanto visitava sua mãe na Rússia.
Kurmasheva, de 47 anos, foi condenada por espalhar informações falsas sobre os militares russos. No entanto, seu marido, Pavel Butorin, alega que ela foi presa por publicar um livro que conta a história de russos que se opõem à guerra na Ucrânia.
Antes de ser detida, ela morava em Praga, capital da República Tcheca, e já trabalhou para a Radio Free Europe/Radio Liberty.
Vladimir Kara-Murza
O ex-jornalista e político britânico-russo é um forte crítico do regime de Putin e da guerra na Ucrânia. Ele foi condenado a 25 anos de prisão em 2023 sob a acusação de espalhar informações “falsas” sobre o exército russo e se filiar a uma “organização indesejável”, a ONG Open Russia, que promove a democracia no país.
Kara-Murza, de 42 anos, foi mantido em uma colônia prisional na Sibéria, onde sua esposa alega que ele desenvolveu uma condição neurológica após ser envenenado.
Vadim Krasikov
O agente do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) foi condenado a prisão perpétua na Alemanha após assassinar um comandante exilado da Chechênia em um parque de Berlim. Sua libertação foi uma das que mais teve destaque entre os prisioneiros russos.
Krasikov foi acusado de estar agindo sob ordens da Rússia e de pertencer a unidade de forças especiais russa Vympel, grupo secreto do FSB. Ele negou as acusações, se identificando como Vadim Sokolov, nome que constava no passaporte com o qual estava viajando.
Durante uma entrevista com o apresentador de talk show dos EUA Tucker Carlson, Putin sugeriu que Krasikov foi trocado pelo jornalista americano Evan Gershkovich.
Roman Seleznev
Seleznev foi condenado a 27 anos de prisão nos EUA por organizar um esquema de hackers que causou prejuízos de US$ 169 milhões (cerca de R$967 milhões) em danos.
O russo de 40 anos foi considerado culpado em 2017 por roubar números do cartão de crédito de milhares de empresas e vendê los no mercado negro. Segundo as autoridades dos EUA, Seleznev estava a frente do esquema entre 2009 e 2013. Ele também é filho do deputado e aliado de Putin, Valery Seleznev.
Vadim Konoshchenok
Konoshchenok foi um dos cinco russos acusados em 2022 de comprar e exportar ilegalmente componentes eletrônicos altamente sensíveis, alguns dos quais podem ser usados no desenvolvimento de armas nucleares e hipersônicas, de empresas dos EUA para o setor de defesa da Rússia, além de lavar de dinheiro em nome do governo russo.
As autoridades dos EUA também acreditavam que ele era um oficial do Serviço Federal de Segurança (FSB).
Mikhail Valeryevich Mikushin
O suposto espião russo preso em 2022 se passou por professor universitário brasileiro de 37 anos enquanto coletava informações ilegais na Noruega em nome da Rússia.
Mikushin, que tem na verdade 44 anos, tinha um passaporte brasileiro no nome de José Assis Giammaria e trabalhava como pesquisador na Universidade de Tromso desde 2021.