Rússia usa veto para proteger Coreia do Norte de investigação da ONU
Pyongyang é acusada de violar sanções impostas pelo Conselho de Segurança desde 2006; Regime de Kim vem fornecendo armas aos russos para lutar na Ucrânia
A Rússia vetou nesta quinta-feira 28 uma resolução das Nações Unidas que renovaria uma investigação às violações das sanções por um ano aplicadas pelo Conselho de Segurança a Coreia do Norte, que se tornou um importante fornecedor de munições de Moscou. Desde o início da guerra na Ucrânia, os países foram proibidos de fornecer ajuda militar ao governo russo, regra que vem sido quebrada pelo regime norte-coreano.
Nos últimos anos, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, comandou um aumento vertiginoso no programa de mísseis balísticos intercontinentais de longo alcance do país – que, em tese, poderiam atingir os Estados Unidos. Isso apesar de das sanções impostas pelas Nações Unidas contra o regime desde 2006, relacionadas ao seu programa de armas nucleares.
Sanções violadas
Anteriormente, a Rússia havia apoiado as sanções internacionais e investigações das Nações Unidas sobre o programa de armas ilegais da Coreia do Norte. No entanto, desde que as relações entre Moscou e o Ocidente começaram a se deteriorar, o presidente russo, Vladimir Putin, que luta com escassez de munições e armas no contexto da guerra na Ucrânia, se tornou cada vez mais dependente do seu homólogo norte-coreano.
O embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, afirmou ao Conselho de Segurança que o regime de sanções impostas pelas Nações Unidos, cujo objetivo é impedir Pyongyang de realizar testes nucleares ou de lançar mísseis balísticos, está “perdendo a sua relevância” e está “desligado da realidade”.
Segundo o diplomata, desde que foi aprovada a resolução que estabelece sanções ao país, não só os seus objetivos não foram alcançados, mas também não houve nenhuma melhoria na situação na Península Coreana. Nebenzia também alegou haver uma coligação de países liderados pelos Estados Unidos que quer estrangular Pyongyang, situação que ele disse afetar diretamente a segurança nacional russa.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Lee Jong-sup, soou um alerta em fevereiro, dizendo que as fábricas de munições da Coreia do Norte operam com plena capacidade para produzir armamentos para a Rússia, incluindo milhões de cartuchos de artilharia. Além disso, a Ucrânia também afirmou ter encontrado destroços de mísseis balísticos fabricados na Coreia do Norte após ataques em seu território. As duas nações, porém, negam tal colaboração militar.
Poder de veto
Na votação do Conselho de Segurança, composto de 15 membros, 13 países votaram a favor da investigação. A China se absteve, enquanto a Rússia barrou a resolução com seu poder de veto. Para embaixadora do Reino Unido no órgão, Barbara Woodward, foi um ato “profundamente preocupante” por parte de Moscou.
“Este veto não demonstra preocupação com o povo norte-coreano ou com a eficácia das sanções”, disse Woodward ao Conselho de Segurança. “Esse veto prejudica o trabalho do painel, a integridade do regime internacional de não proliferação nuclear e a credibilidade deste Conselho na defesa das suas resoluções”, acrescentou.